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A história de Aldo Borges, que foi assaltado, sofreu infarto e morreu

O representante comercial de 79 anos foi rendido por três bandidos no momento em que saía de casa

Por Júlia Gouveia
Atualizado em 1 jun 2017, 17h53 - Publicado em 18 jan 2013, 17h12

Na manhã de segunda (14), a polícia recebeu um chamado para arrombar a entrada do sobrado de número 525 da Rua Marcos Arruda, no Belém, Zona Leste. Na porta, Rosana Borges e Aldo Borges Jr., filhos do representante comercial Aldo Borges, dono do imóvel, aguardavam apreensivos. Naquele dia, o senhor de 79 anos não havia aparecido para trabalhar na empresa da família, fato inédito em mais de três décadas, nem atendia o celular.

Os policiais civis invadiram a casa e encontraram Borges no chão do quarto, já desfalecido, com os pulsos e os pés amarrados por cadarços do próprio tênis. Cardíaco e hipertenso, com um histórico de três infartos e cinco pontes de safena, ele passou mal ao ser rendido por três bandidos que o abordaram no momento em que saía de casa, por volta das 8h30. Borges morreu ao chegar ao hospital. Os assaltantes partiram cerca de uma hora depois do crime, levando seu carro, um Hyundai i30 prata, ano 2012, uma nota de 100 dólares e alguns objetos pessoais (a PM encontrou no dia seguinte o veículo abandonado na Vila Jacuí, também na Zona Leste).

Um dos criminosos, Anderson Ricardo Fernandes de Oliveira, acabou preso em flagrante ao voltar ao Belém para buscar o carro da quadrilha, um Monza azul, que estava estacionado na mesma rua, em frente à residência. Detalhe: ele já calçava um par de tênis e exibia no pulso um chamativo relógio, ambos de cor laranja, que pertenciam à vítima. Até quinta (17), os outros dois comparsas continuavam foragidos. A seguir, Rosana, de 48 anos, a filha do meio de Aldo Borges, que trabalhava ao lado dele, fala sobre o episódio traumático:

“Meu pai amava aquela casa, que havia sido construída pelos nossos avós. Estava separado fazia trinta anos e morava sozinho desde que meu irmão caçula, o Junior, saiu de lá, em 2008. Gostava tanto do sobrado que inventava reformas a cada seis meses. Havia algum tempo, vínhamos percebendo que a região estava mais violenta, e começamos a insistir para que ele se mudasse. O vizinho de porta, que morava ali fazia décadas, saiu de lá na sexta anterior ao crime pelo mesmo motivo. O homem tentou convencer meu pai a seguir seu exemplo, mas ele se recusava, alegando que não corria riscos e que todos por ali o conheciam.


Polícia - O enterro de Aldo Borges
Polícia – O enterro de Aldo Borges ()

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Embora estivesse com 79 anos, meu pai era muito moderno e vaidoso. Gostava de ir ao Center Norte, na Vila Guilherme, para fazer compras. Roupas, relógios, tênis, perfumes: ele comprava de tudo — e sempre artigos de grife. Pelos corredores do shopping, os vendedores das lojas já o conheciam e o chamavam para entrar. Se ele gostasse de algum produto, levava várias cores do mesmo modelo. Um dos três quartos da casa era reservado para guardar suas roupas; outro acomodava suas dezenas de tênis. Acho que, infelizmente, seu estilo de vida pode ter chamado a atenção dos bandidos.

Na delegacia, reconheci na hora os tênis Calvin Klein e o relógio Tommy Hilfiger que o bandido ostentava como se fossem dele. Não faço ideia de quem sejam esse e outros criminosos, mas não duvido que alguém que o conhecesse possa estar envolvido, pois ele era do tipo que conversava com todo mundo na rua e tinha o costume de contratar qualquer pessoa para fazer pequenos serviços, como varrer a garagem ou pintar a porta. Era o jeito de ajudar quem precisasse de dinheiro. Não acredito que meu pai tenha reagido ao assalto, pois tinha saúde frágil. Ele mesmo deve ter apontado onde guardava seus objetos de maior valor. Não encontramos ferimentos graves, nada, nada. Estamos desolados. Meu pai gostava muito de viver”.

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