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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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Ciúme não é prova de amor

Ciúme é um conjunto de sentimentos aversivos (frustração, raiva, inferioridade, tristeza) indicativos da insegurança sobre os sentimentos do(a) parceiro(a). Ao contrário do que se diz por aí, não existe ciúme bom e ciúme ruim. Na verdade, ele nunca é um sentimento bom. A razão para o equívoco é porque confundimos normal com bom. Sim, o […]

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 26 fev 2017, 12h33 - Publicado em 11 abr 2016, 16h13

ciúmes

Ciúme é um conjunto de sentimentos aversivos (frustração, raiva, inferioridade, tristeza) indicativos da insegurança sobre os sentimentos do(a) parceiro(a).

Ao contrário do que se diz por aí, não existe ciúme bom e ciúme ruim. Na verdade, ele nunca é um sentimento bom. A razão para o equívoco é porque confundimos normal com bom. Sim, o ciúme é um sentimento normal. Todos sentimos ciúme em algum grau em vários momentos ao longo da vida. Ou seja, é normal (e inevitável) sentir-se inseguro em relação aos sentimentos do(a) parceiro(a) de vez em quando, mas esse sentimento nunca é bom, uma vez que é percebido como angústia.

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Há quem diga que o ciúme é sinal de amor. Errado. Pode ser, no máximo, sinal de gostar. Amar é muito mais do que simplesmente gostar de alguém. Podemos gostar de alguém assim como gostamos de viajar. Gostar tem a ver com a própria satisfação ao ter acesso ao objeto do gosto (a viagem, o prato, o objeto…) e amar envolve necessariamente a troca envolvida na relação. O amor é produto da relação, só existe se for compartilhado pelas pessoas envolvidas nela. O resto é gostar e diz respeito à satisfação individual. Assim, sentimos ciúme por gostarmos do outro (processo egocêntrico) e não por amá-lo (processo altruísta). A bem da verdade, o ciúme crescente pode simplesmente acabar com o amor existente na relação.

Outra confusão é que tendemos a nomear também como ciúme o conjunto dos comportamentos emitidos por quem sente ciúme. Por rigor devemos chamar tais respostas de comportamentos ciumentos, porque eles são uma reação ao sentimento de ciúme mas não o ciúme em si. Quando alguém impõe sua vontade ao parceiro ou à parceira (a roupa a ser usada, a explicação sobre com quem conversava) a fim de “evitar” o ciúme, tal imposição tem a ver com a reação do indivíduo ao próprio ciúme. É importante porque, se não distinguimos uma coisa da outra, os comportamentos ciumentos podem ser interpretados como o único meio de lidar com o sentimento de ciúme. E não são.

Uma das principais causas externas da manutenção dos comportamentos ciumentos é a adesão ao esquema por parte do alvo do ciúme. Quando a namorada aceita usar uma saia mais longa a pedido do namorado, ela está reforçando o modo equivocado dele de enfrentar o sentimento de ciúme. As situações seguintes serão resolvidas da mesma forma e provavelmente de modo cada vez mais intenso. É como a sensação de alívio do usuário de droga gerada pelo consumo da substância durante a fissura. É um processo que se retroalimenta positivamente. Quanto mais se atende às demandas do ciumento, mais ciúme haverá. Esta é uma variável interveniente mas a única pessoa que pode vencer o ciúme é o próprio ciumento, aprendendo a lidar com ele.

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O primeiro passo para aprender a lidar com o próprio ciúme é admitir que o sente e assimilar que a solução só depende de si. Qualquer expectativa de solução que dependa do(a) parceiro(a) determinará o fracasso na superação. Também é importante refletir sobre as situações passadas, seja de relacionamentos anteriores ou mesmo do relacionamento atual; identificar as consequências do ciúme ajuda na motivação para construir alternativas de enfrentamento.

Outra dica: evite viajar na maionese construindo longas narrativas criadas pela imaginação porque o ciúme desperta nossa criatividade para enxergar os cenários mais fantasiosos. Por fim, vale a pena dividir com o(a) parceiro(a) o sentimento de ciúme, tomando-se o cuidado para não transformar o diálogo numa tentativa de controle ou na busca pela anuência e compreensão do outro. O objetivo é simplesmente sinalizar o reconhecimento de que o problema existe e, principalmente, demonstrar as mudanças que estão em curso.

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