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Os melhores programas para as crianças e a família espalhados por São Paulo. Por Beatriz Imagure (beatriz.imagure@abril.com.br)
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O ensino de matemática pode ser menos chato?

A TV PinGuim, produtora paulistana responsável pelo desenho Peixonauta, procurava no mercado um consultor capaz de ajudar seus roteiristas em um novo projeto. O programa em questão, batizado provisoriamente de Luna (clique aqui para assistir ao vídeo) e com previsão de estreia para 2014 no canal a cabo Discovery Kids, tem como protagonista uma garota […]

Por VEJA SP
Atualizado em 27 fev 2017, 01h06 - Publicado em 22 jun 2013, 02h58

A TV PinGuim, produtora paulistana responsável pelo desenho Peixonauta, procurava no mercado um consultor capaz de ajudar seus roteiristas em um novo projeto. O programa em questão, batizado provisoriamente de Luna (clique aqui para assistir ao vídeo) e com previsão de estreia para 2014 no canal a cabo Discovery Kids, tem como protagonista uma garota que vai em busca de informações para saciar sua curiosidade a respeito dos fenômenos da natureza. Quem poderia ajudar na concepção de uma animação que tem como objetivo fazer do ensino da ciência uma coisa divertida? Rapidamente, os responsáveis pela série chegaram ao nome de Walmir Cardoso, que se tornou especialista em física e astrofísica da PUC-SP depois de passar boa parte da carreira lecionando disciplinas de exatas em colégios da capital como o Oswald de Andrade e o Equipe. Cardoso cativou gerações de estudantes misturando o ensino de equações a debates sobre Aristóteles na sala de aula. Sua tese de doutorado em matemática foi desenvolvida em cima da análise do calendário estelar da tribo Tukano, comunidade indígena que vive ao noroeste da Amazônia. Atualmente, entre outras atividades, Walmir dá cursos sobre astrofísica na Casa do Saber e trabalha como pesquisador associado do Instituto Socioambiental – ISA. Na entrevista a seguir, ele fala quais sãos os problemas que transformaram o ensino de disciplinas como física e química em um martírio para os estudantes:

 

Por que as matérias de exatas viraram uma tortura na sala de aula?

Do jeito que a coisa vem sendo feita ao longo das últimas décadas, o ensino dessas disciplinas virou um embotador da curiosidade natural das crianças sobre as coisas que ocorrem à sua volta. O ensino da ciência deixou de ser uma grande brincadeira. Em vez disso, os professores trabalham com uma modelagem muito padronizada, seguindo um protocolo de ensino que burocratiza a natureza. Até a experiência em laboratório, que deveria ser um território mais livre e surpreendente, virou uma coisa chata, pois segue sempre um caminho pré-estabelecido, sem estimular a capacidade de investigação dos alunos.

Os professores estão entre os principais responsáveis pelo problema?

Sim. Precisamos investir muito mais na formação dos profissionais que vão para as salas de aula. Quando falo em formação, não estou apenas me referindo na questão mais óbvia, que é o domínio técnico de uma determinada disciplina. Os professores precisam também ser multidisciplinares, capazes de surpreender os alunos fazendo relações entre música e matemática, por exemplo.

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O uso de tecnologia em sala de aula, como tablets, não deveria ter mudado esse quadro?

Tanto faz se o ensino é feito na lousa com um giz ou com ajuda de um telão tridimensional. O sucesso ou fracasso da mensagem está na pessoa responsável por transmiti-la. Ou seja, o professor. Se eu tivesse apenas 1 real para investir em educação, colocaria 95 centavos na formação dos professores. Eles precisam estar mais próximos dos alunos, no sentido de serem parceiros dos garotos no processo de investigação das coisas da ciência. Ensinar, muitas vezes, é fazer as perguntas certas para os alunos. O professor deveria ser mais um “perguntador”.

Para finalizar, responda com franqueza: física, química e matemática não são mesmo coisas chatas demais? Isso tem salvação?

Se você quiser uma resposta simples, é não (rs). Falando sério, a matemática não pode ser vista como a rainha da ciência, algo que não se relaciona com nada. Ela é vida real. Certa vez, estava explicando a meus colegas como uma tribo indígena construiu um relógio solar. É preciso ter muitas noções de geometria para construir um negócio desses. No final da apresentação, alguns professores me procuraram para dizer que não viam nenhuma matemática naquilo. Num primeiro momento, achei que estavam brincando. Depois, vi que era sério e fiquei chocado. Isso ocorre por que as pessoas ainda só pensam dentro de uma caixinha. Na minha experiência pessoal, por exemplo, o interesse por artes plásticas mudou minha forma de ver a física. Às vezes, apreciar um quadro exige tanta capacidade de abstração quanto uma equação bem cabeluda.

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