Vontade Construtiva na Coleção Fadel
Resenha por Laura Ming
Um termo de Hélio Oiticica serviu de ponto de partida para o curador Paulo Herkenhoff organizar Vontade Construtiva na Coleção Fadel. O recorte de 216 itens feito no acervo de Hecilda e Sérgio Fadel, casal carioca que possui uma das mais relevantes coleções particulares do país, foi guiado pela busca de uma identidade nacional na arte brasileira, chamada por Oiticica de “vontade construtiva geral”. Ele argumentava que ela teria surgido com o modernismo, a partir do movimento antropofágico. Na sala principal do MAM foram reunidas telas de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti capazes de exemplifcar a mistura das influências europeias com valores daqui. Mas boa parte das peças foi feita entre as décadas de 50 e 80 e se concentra nas formas geométricas. Ou seja, a percepção dessa “cara brasileira” fica mais difícil de ser notada. Uma delas é Composição (1956), de Luiz Sacilotto, um dos expoentes da arte concreta. Tirando a pegada “papo-cabeça”, o que vai importar mesmo ao visitante é a boa seleção de grandes nomes representados por belos trabalhos. Há diversas esculturas de Sergio Camargo, uma parede repleta de telas de Alfredo Volpi, as letrinhas de Mira Schendel, uma escultura giratória de Abraham Palatnik e pinturas abstratas de Tomie Ohtake. As produções mais recentes abrem espaço para linhas tortas e traços mais curvos, bem mais característicos do nosso jeitinho. De 1º/4/2014 a 15/6/2014.