Valéria e os Pássaros
- Direção: Kiko Marques
- Duração: 100 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Lançada em 2015, a montagem da Velha Companhia para Valéria e os Pássaros encontrou em março a própria casa, um sobrado no Bixiga batizado de Zona Franca. Em meio a taças de sangria e tapas servidas no bar anexo, o drama do espanhol José Sanchis Sinisterra ocupa o salão principal sob a direção de Kiko Marques, o mesmo de Sínthia e Cais ou Da Indiferença das Embarcações. Valéria (interpretada por Alejandra Sampaio) fatura uns trocados como tradutora de esperanto e explora a vocação sensitiva em sessões mediúnicas. Ela tem como meta achar Telmo, o grande amor, desaparecido há duas décadas, que, em sua crença, habita o mundo dos mortos. Essa busca é inglória, e a memória de Telmo incomoda muita gente, que tenta desviar Valéria do objetivo. A peça evoca as sequelas do fascismo espanhol e como regimes autoritários podem atrasar a vida de algumas pessoas — caso de Valéria, que parou no tempo. Os demais personagens, todos mortos, entram e saem em cadeira de rodas, em um desenho coreográfico muito bem trabalhado pela direção e encantador aos olhos de quem decifra a metáfora proposta por Sinisterra. Com Carlos Careqa, Kiko Marques, Lianna Matheus, Marcelo Diaz, Marco Aurélio Campos, Mauro Schames, Patrícia Gordo, Rose de Oliveira, Valéria Arbex e Willians Mezzacapa (100min). 14 anos. Estreou em 27/4/2015. Até 19/5/2019.