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Terapia hormonal aumenta a chance de câncer de mama em mulheres trans

Pesquisa aponta relação entre a probabilidade de desenvolver a doença e o tempo de tratamento com estrogênios

Por Mattheus Goto
Atualizado em 27 Maio 2024, 21h24 - Publicado em 25 out 2022, 10h28
Laço rosa
Outubro Rosa: atenção para pessoas trans. (Marijana/Pixabay/Creative Commons)
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A campanha do Outubro Rosa busca conscientizar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Não só para mulheres cis (que se identificam com o sexo designado no nascimento), este mês serve como um alerta para pessoas trans.

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Uma mulher transgênero, que esteja fazendo terapia hormonal, tem em média 46 vezes mais chance de ter a doença do que um homem cis. É o que diz uma pesquisa conduzida por Fabiana Makdissi, líder do Centro de Referência em Tumores da Mama do Hospital A.C.Camargo, intitulada “Uma introdução ao câncer de mama masculino para urologistas: epidemiologia, diagnóstico, princípios de tratamento e situações especiais” e publicada no site Scielo.

“Pouco se fala sobre o assunto, é uma área carente de informação para o público e para a ciência, que ainda precisa de estudo”, afirma a pesquisadora.

A médica notou que há uma relação entre a probabilidade de desenvolver a doença na mama e o tempo de exposição desde o início do tratamento com estrogênios. “Quanto mais hormônio tomar, maior será a exposição”, explica. Ou seja, vai variar de acordo com a terapia realizada e a quantidade de tecido no órgão. “O risco para o câncer tem relação direta com o estímulo hormonal.”

A probabilidade continua sendo menor que a de mulheres cis, que têm 100 vezes mais chance de ter a doença do que um homem cis.

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Por outro lado, segundo a médica, não há comprovação científica de que esse número cai entre homens trans que fazem tratamento com hormônios masculinos. A probabilidade só diminui – mas não zera – entre os que fizeram a mastectomia masculinizadora.

“A mama já se desenvolveu. Na prática, o risco só vai ser reduzido se fizer a cirurgia”, comenta Fabiana. “Mas vale ressaltar que cirurgia nunca zera risco. É preciso continuar fazendo exames do mesmo jeito.”

A pesquisadora conclui que, independentemente da identidade de gênero, as pessoas precisam estar atentas ao próprio corpo. “Todas as pessoas precisam cuidar do órgão que têm.”

Recomendações da médica para cada grupo

Mulheres cis: mamografia anual a partir dos 40 anos.

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Mulheres trans: mamografia anual ou bianual a partir dos 50 anos, ou a partir de 5 a 10 anos do início do uso de hormônios.

Homens trans: sem ter feito mastectomia, mamografia anual a partir dos 40 anos; após a mastectomia, “depende da quantidade de tecido que foi tirado” e a recomendação é ir a uma consulta com um médico para entender como deve ser a rotina de exame especificamente.

Homens cis: não há recomendação, apenas um alerta para homens que tenham muitos casos de mulheres na família com câncer de mama.

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