Vinte obras que vale a pena ver na Bienal
Conheça os destaques da 30ª edição da mostra e aproveite melhor o tempo em meio a uma miscelânea de quase 3.000 obras
A cada dois anos, a cidade hospeda uma das mais esperadas mostras de arte contemporânea do mundo, comparável, em termos de porte e relevância, à Bienal de Veneza, na Itália, e à Documenta de Kassel, na Alemanha. Em cartaz no Parque do Ibirapuera a partir desta sexta (7) e orçada em 22,4 milhões de reais, a Bienal de São Paulo chega à 30ª edição, com 111 artistas ocupando o pavilhão projetado por Oscar Niemeyer.
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Sua realização chegou a ser ameaçada em janeiro, quando as contas da Fundação Bienal foram bloqueadas por causa de dívidas de administrações anteriores. A questão foi resolvida temporariamente, e a prestação dos compromissos pendentes começará a ser equacionada com o Ministério da Cultura a partir do fim da exposição, em 9 de dezembro. Até lá, os paulistanos têm a chance de apreciar um conjunto agrupado sob o vago tema “A iminência das poéticas” e selecionado por uma equipe coordenada pelo venezuelano Luis Pérez-Oramas, curador de arte latino-americana do MoMA (Nova York).
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Houve uma preferência por nomes não tão conhecidos, alguns dos quais ganharam pequenas individuais. Desta vez, há menos polêmica. Nada de urubus vivos ou desenhos de líderes políticos sendo assassinados, como ocorreu na última edição. “Queremos discutir os limites e a abrangência da própria arte”, diz o presidente da Fundação Bienal, Heitor Martins. Apesar da mudança de foco, a 30ª Bienal mantém as grandes proporções: reúne cerca de 2.900 obras, número como sempre excessivo, sobretudo em relação aos vídeos. Na galeria de fotos, confira uma seleção com vinte trabalhos que merecem a atenção do visitante.
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1. O sergipano Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), que foi interno da Colônia Juliano Moreira, antiga instituição psiquiátrica do Rio de Janeiro, é o homenageado do evento. Há um grande conjunto de instalações de sua autoria, feitas com lixo e sucata.
2. Representante da nova geração de pintores figurativos brasileiros na mostra, o carioca Eduardo Berliner exibe pinturas e desenhos que trazem elementos banais, como uma escada e até uma cartela de Dorflex.
3. Irônico, o americano David Moreno reúne fotos das máscaras portuárias de grandes personalidades do passado — escritores, políticos, filósofos, compositores — e coloca um megafone na boca de cada um.
4. Ex-aluna dos alemães Josef e Anni Albers, a americana Sheila Hicks aposta na delicadeza dos bordados. Há desde pequenos trabalhos abstratos até esculturas têxteis de grande porte.
5. Caçula entre os 111 artistas, a paulista Sofia Borges, de 28 anos, explora a manipulação de imagens e a relação entre ficção e realidade na fotografia.
6. O fotógrafo holandês Hans Eijkelboom monta grupos de imagens clicadas em grandes metrópoles do mundo, como Paris, Londres, Amsterdã e São Paulo. Cada um deles traz pessoas com padrões de roupas muito parecidos.
7. A sala do sueco Andreas Eriksson chama atenção pela presença de dois galhos de árvore com aparência frágil. Apenas ao se aproximar o espectador nota que a escultura é de bronze, e não de madeira. Nas paredes, pinturas de tamanhos variados completam o espaço.
8. Pinceladas delicadas, poucos elementos e tons monocromáticos caracterizam as telas do americano John Zurier, o artista mais dedicado ao silêncio de toda a 30ª Bienal.
9 e 10. Excelente ideia do curador Luis Pérez-Oramas: colocar em salas vizinhas as produções pictóricas da fluminense Lucia Laguna e do venezuelano Juan Iribarren. As telas de ambos ficam em algum ponto entre a figuração e a abstração (na imagem acima, o quadro “Paisagem Nº 51”, assinado por Lucia).
11. Ícone do construtivismo brasileiro, Waldemar Cordeiro (1925-1973) é lembrado com esculturas, projetos paisagísticos e pinturas geométricas.
12. Precursor da fotografia alemã, August Sander (1876-1964) elaborou, na série “Pessoas do Século 20”, um catálogo da diversidade política e cultural do país por meio de 600 retratos.
13. Venezuelana de origem alemã, muitas vezes comparada a Mira Schendel, Gego (1912-1994) apresenta esculturas de arame e colagens sutis e miniaturizadas em papel.
14. Preto e branco são as cores utilizadas pelo argentino Eduardo Stupía em desenhos e telas abstratas de pinceladas fortes.
15. Conhecido como poeta, o chileno Juan Luis Martínez (1942-1993) também se arriscava nas artes visuais. Influenciado por Marcel Duchamp, ele tem expostos relevos de parede irônicos, feitos com brinquedos, fotos velhas e pedaços de instrumentos musicais.
16. Registros da vida do fotógrafo alemão Horst Ademeit (1937-2010) aparecem em polaroides repletas de anotações nas bordas, compondo assim uma paisagem de sua alma.
17. A magnífica série “Sobre o Vazio”, do paraense Alberto Bitar, traz apartamentos sem nenhuma presença humana. Ao registrar os vestígios deixados pelos moradores, o fotógrafo traça uma reflexão sobre a memória.
18. A literatura é o tema de inspiração para o uruguaio Alejandro Cesarco, seja no vídeo “Metodologia”, no qual duas pessoas conversam sobre o grande escritor Juan Carlos Onetti (1909-1994), seja no “romance” formado pela reunião de índices onomásticos aleatórios.
19. O artista mexicano Fernando Ortega fotografou um rio de seu país no qual uma pequena balsa faz a travessia. Coube ao músico e produtor inglês Brian Eno a missão de compor uma trilha sonora para a curta viagem pela água.
20. Adepto de intervenções de impacto, o mineiro Thiago Rocha Pitta impressiona o espectador que acaba de subir a rampa em direção ao segundo andar. Ali ele simulou um deslizamento de terra.
De olho no relógio
O que visitar se você tiver
1 hora – 1, 2, 6, 8 e 13
2 horas – as anteriores mais 5, 9, 10, 12 e 16