Mestre Júlio Santos apresenta imagens transformadas pelo Photoshop
Mostra na Pinacoteca traz mais de 120 retratos de anônimos e famosos
Gênero dos mais disseminados na história da arte, o retrato alcançou notoriedade definitiva durante o período do Renascentismo, quando gênios da importância de Leonardo, Rafael e Ticiano puseram nas telas as figuras politicamente importantes — e ricas — da Itália. A técnica se manteve relevante no auge da pintura dos Países Baixos (era a época de Rembrandt, Rubens e Van Dyck), atravessou o modernismo e chegou aos contemporâneos, caso de Lucian Freud e Gerhard Richter, dois exímios retratistas.
No início do século passado, contudo, o formato, já assombrado pela invenção da fotografia, ganhou um expediente novo, a fotopintura. E, como até os estilos mais populares souberam se reciclar, esse método ganha uma visão peculiar na mostra dedicada à produção do cearense de 68 anos Mestre Júlio Santos, em cartaz na Pinacoteca e composta de 120 obras.
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Dono do Áureo Studio, de Fortaleza, Júlio Santos utiliza técnicas digitais, sobretudo o Photoshop, para retocar e mesmo recriar registros, alguns muito afetados pela passagem do tempo. Imagens de 5 por 7 centímetros de uma moça e um rapaz viram, por exemplo, uma bela foto de casamento.
Por trás da qualidade dos trabalhos reside uma ideia ainda mais sofisticada. Ao fazer com que os personagens se tornem outros, completamente diferentes — digamos, ao transformar um casal de classe média em cangaceiros ou árabes —, o fotopintor discute a noção de identidade de cada um. Ou seja, por meio da arte, podemos ser quem quisermos. Numa das paredes da montagem, há uma homenagem a expoentes das câmeras no Brasil, que tiveram seus retratos manipulados pelo artista. Entre eles, Thomaz Farkas, German Lorca, Maureen Bisilliat, Cristiano Mascaro e Claudia Andujar.