Instituto Moreira Salles recebe retrospectiva de Manuel Álvarez Bravo
Expoente da fotografia moderna no México, artista ganha mostra com 150 obras clicadas entre as décadas de 20 e 50
Grande expoente da fotografia moderna no México, Manuel Álvarez Bravo (1902-2002) tinha tudo para não escolher o caminho da arte. Nascido numa família pobre, um entre oito irmãos, perdeu o pai muito cedo, aos 12 anos, e foi obrigado a começar a trabalhar para ajudar nas contas de casa. Estimulado pelos vizinhos e por um colega de escola, contudo, acabou se apaixonando pelas câmeras e chegou a abandonar uma trajetória promissora no funcionalismo público para investir na carreira.
O resultado desse esforço pode ser conferido em “Fotopoesia”, retrospectiva em cartaz no Instituto Moreira Salles a partir de sexta (23). Estão reunidas 150 obras clicadas entre as décadas de 20 e 50. A produção inicial do artista ainda deriva bastante dos trabalhos de certos surrealistas e formalistas, sobretudo os do americano Edward Weston e os do russo Alexandr Ródtchenko: fazia closes aproximados de objetos, de livros e cortinas aos tubos de um órgão de catedral, com o intuito de fortalecer o impacto abstrato e geométrico.
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Bravo atingiu identidade própria ao investir nas figuras humanas, em especial os índios, e nos aspectos documentais. Há nas imagens uma fuga do realismo, alcançada por meio de flertes com o subconsciente. Destaque para as peças que envolvem nudez, nas quais o mexicano consegue escapar da mera sensualidade e ressaltar a melancolia dos personagens ali mostrados. Completam a exposição retratos dos amigos e pintores Diego Rivera e Frida Kahlo, além do revolucionário russo Leon Trótski e do escritor francês André Breton.