Talentoso ator de 38 anos, o mineiro Selton Mello é também um diretor versátil e criativo. Depois da estreia com o pesado drama “Feliz Natal”, que dividiu tanto o público quanto a crítica em 2008, seu novo trabalho atrás das câmeras, a comédia dramática “O Palhaço”, já em cartaz, tem muito mais chances de agradar a todos.
+ Veja as estreias da semana
+ Saiba quais são os melhores filmes em cartaz
+ Tudo sobre a 35ª Mostra de Cinema
VEJA SÃO PAULO – Foi proposital fazer uma comédia depois de um filme tão denso?
Selton Mello – Aconteceu naturalmente. Na posição de diretor, preciso ter algo a dizer, alguma coisa que saia do coração. Queria falar de vocação, identidade, escolhas da vida. Trata-se de assuntos com que todo mundo se identifica, não só artistas. Prova disso foi a encantadora recepção do público nos festivais de Paulínia, Gramado e Rio. Minha impressão é que o espectador cansou de tiros, violência, cinismo e ironia e deseja sair da sessão com a alma lavada.
VEJA SÃO PAULO – Tem algo de autobiográfico no roteiro?
Selton Mello – Muitas vezes me perguntam se eu o escrevi baseado em algo parecido que teria passado em algum período da minha vida. Eu passo por isso o tempo inteiro! Minha insatisfação é eterna. Trabalho há trinta anos, mas estou sempre em dúvida. Acho que podia ter feito melhor ou que errei em alguma coisa. Aí desencano e penso ter acertado. Acredito que esse seja o meu combustível, a insatisfação é o alicerce da minha profissão. Estou, porém, bastante contente com “O Palhaço”. Mesmo se não fosse meu, eu gostaria de vê-lo.
VEJA SÃO PAULO – O que o fez voltar à TV mesmo dizendo que iria dar um tempo para se dedicar ao cinema?
Selton Mello – Eram projetos interessantes. “A Cura” me possibilitou fazer um seriado dramático, algo raro na televisão. “A Mulher Invisível” foi uma aposta de transformar o filme numa série, não sabíamos se ia dar certo. Os espectadores adoraram, e a segunda temporada estreia na terça (1º). Estou numa fase de querer me comunicar. É fascinante ser visto por milhões de brasileiros. Dirigi o último episódio de “A Mulher Invisível”, que atingiu 40 milhões de pessoas. “Tropa de Elite 2”, o filme recordista do cinema nacional, alcançou 11 milhões. Isso torna a TV muito estimulante, e tenho vontade de dirigir mais. Quem sabe um novo seriado no ano que vem.