Sandra Gamarra discute a linguaguem artística através do tempo
Em cartaz na Galeria Leme, trabalhos da artista peruana confundem conceitos de autoria e instigam o espectador
O tema fundamental na produção da peruana Sandra Gamarra é a investigação da linguagem artística através da passagem do tempo. Foi assim quando criou o LiMac, museu fictício e virtual inventado para suprir a ausência de um espaço dedicado a criações contemporâneas em Lima, ou nas cópias perfeitas de quadros de Gerhard Richter, exibidas no ano passado na Bienal. Ela dá prosseguimento à pesquisa na exposição Mantos, em cartaz na Galeria Leme.
São catorze telas, dois conjuntos realizados sobre papel, dez trabalhos feitos de tecido e um vídeo. Destaque principal da montagem, as pinturas da série Deja Vu trazem interiores de instituições europeias e americanas importantes, a exemplo do MoMA, de Nova York, e do Kunsthaus, de Zurique. Nelas, uma mão — referência ao estilo do americano John Baldessari — aponta para obras conhecidas a fim de criticar a ideia de que qualquer coisa pode ganhar o status de arte. Os conceitos de autoria se confundem e instigam a percepção do espectador.
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Sandra também debate a relação entre alguns nomes importantes do último século e o imaginário pré-colombiano, a seu ver uma influência forte e pouco reconhecida na trajetória do abstracionismo. A questão se estende para as reproduções feitas pela artista de mantas curiosamente geométricas tecidas por sua avó, Kiyo Kuwae Yamashiro. Ao mesmo tempo, como contraponto, a pintora encomendou a familiares e amigas bordados idênticos a peças realizadas por Mark Rothko, Brice Marden, Ad Reinhardt e outros.
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