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Narrador Milton Leite ganha popularidade com seu bom humor

Após trocar a ESPN Brasil pela SporTV, ele garante: "É a melhor fase da minha carreira"

Por Mariana Barros
Atualizado em 14 Maio 2024, 12h13 - Publicado em 30 jul 2011, 00h50
Milton Leite 2228
Milton Leite 2228 (Reprodução/)
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Quando o Santos conquistou a Taça Libertadores ao derrotar o uruguaio Peñarol, no fim de junho, o meia Paulo Henrique Ganso comemorava no campo entre lágrimas e abraços até ser chamado pelo repórter Carlos Cereto, do canal pago SporTV, para falar ao vivo sobre a vitória. Cereto colocou então fones de ouvido no jogador, estendeu o microfone e pediu a ele que desse uma palavrinha com o profissional que os ouvia na cabine do estádio. “Milton Leite, aqui é Paaaaaaaulo Henrique Lima!”, disse o camisa 10 do Santos, falando seu nome completo no exato estilo do narrador. O locutor conta essa história para ilustrar o aumento de sua popularidade. Apesar de acumular uma experiência de vinte anos no ofício, para ele ainda é novidade ser imitado pelos craques, solicitado a tirar fotos e a dar autógrafos nas ruas. “É a melhor fase da minha carreira”, afirma.

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Desde 2005 comandando jogos pelo SporTV, ele ficou mais conhecido dos torcedores ao participar de transmissões de partidas na Globo, dona da emissora fechada onde trabalha. Em abril — haja coração! —, substituiu Galvão Bueno na narração do duelo entre Barcelona e Real Madrid pela Liga dos Campeões da Europa (o titular ficou fora de combate por um problema de saúde). O episódio foi marcante também porque Leite dividiu o microfone com o ex-atacante Ronaldo, que fazia ali sua estreia como comentarista de futebol. Num determinado momento, quando as câmeras estavam focalizadas na dupla, os telespectadores flagraram o Fenômeno caindo na gargalhada após o narrador soltar seu famoso e irônico bordão “Que beleza!”, sempre pronunciado após alguma jogada bizarra. “A coisa ficou tão popular que as pessoas me veem passando e falam: ‘Olha lá o ‘Que beleza’”, conta. “E nem fui eu quem inventou isso.” O pai da expressão é Wanderley Nogueira, experiente repórter de campo da Rádio Jovem Pan. Leite aprendeu a frase na época em que os dois trabalharam juntos nos anos 90 e, com o passar do tempo, carregando no tom cômico, transformou-a numa de suas marcas registradas.

Paulistano da Vila Olímpia, ele sempre teve afinidade com esporte. Na adolescência, disputou judô, natação, vôlei e tênis. Até hoje não abre mão de correr e nadar duas vezes por semana. “Graças a isso, ele tem uma impressionante capacidade de falar sobre qualquer modalidade”, diz o amigo André Kfouri, repórter da concorrente ESPN Brasil. Apesar do ar pacato, Leite já se envolveu em boas brigas. Em 2001, durante uma partida de basquete do Vasco, criticou o então presidente do clube, Eurico Miranda. Irritado, o notório e encrenqueiro cartola foi até o local do jogo tirar satisfação, posicionou-se atrás do narrador e começou a ofendê-lo. As câmeras da transmissão flagraram o atônito jornalista pedindo ajuda da segurança para evitar o pior.

Milton Leite 2228
Milton Leite 2228 ()
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Em outra ocasião, sem saber que estava no ar, chamou de chato o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo. Há dez dias, envolveu-se numa nova saia justa ao criticar em seu blog o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. No texto, comentava uma reportagem da revista “Piauí” em que o dirigente é apresentado como alguém de linguajar chulo e que vê a mídia, especialmente a Globo, subserviente a ele. O narrador foi o único entre os funcionários a repercutir a reportagem, causando um certo mal-estar na emissora. “O que eu tinha para dizer está escrito no blog, não comento mais o assunto”, afirma o locutor.

Milton Leite 2228
Milton Leite 2228 ()

Em 2004, abandonou um salário de 36.000 reais na ESPN Brasil após se desentender com o diretor José Trajano. Passou quatro meses fora da televisão, até ser convidado pelo SporTV para receber um terço do valor pago pelo antigo emprego. Hoje, ganha cerca de 40.000 reais por mês, ainda pouco comparado ao patamar de um narrador global como Cléber Machado, que embolsa cerca de cinco vezes mais. Leite começou a carreira em Jundiaí, para onde se mudou com a família aos 15 anos. “Queria ter sido escritor, e o jornalismo era o mais próximo que eu poderia chegar”, afirma. Fez a escolha certa. “É um dos melhores do Brasil”, diz o apresentador Milton Neves, da Rádio Bandeirantes. Se essas qualidades serão suficientes para levá-lo ainda mais longe na carreira, é cedo para dizer. Por enquanto, segue o jogo.

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