Mostra de Louise Bourgeois traz elementos psicanalíticos
Uma espécie de exorcismo de traumas, a exposição “O Retorno do Desejo Proibido” ocupa o Tomie Ohtake
A arte como instrumento de exorcismo de traumas e sofrimentos pessoais é o conceito central por trás da trajetória da francesa naturalizada americana Louise Bourgeois (1911-2010). Conhecida pelas enormes aranhas de aço — uma delas fica em exposição permanente na parte externa do MAM —, ela ganha uma retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake. “O Retorno do Desejo Proibido” compõe-se de 112 obras. São desenhos, objetos, pinturas, esculturas e instalações concebidos entre 1942 e 2009. Nascida em Paris, Louise se mudou em 1938 para Nova York, onde viveu até a morte. Passou as décadas seguintes criando e apenas nos anos 80 atingiu o reconhecimento do grande público.
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Elementos psicanalíticos constituem a produção da artista, leitora dedicada de Freud. Sonhos surrealistas, lembranças da infância, representações fálicas, sexualidade e, principalmente, a péssima relação com o pai adúltero (ele chegou a ter um caso com a preceptora da filha) permeiam os trabalhos.
Basta observar a mórbida instalação A Destruição do Pai, uma jaula de látex com uma cama e uma mesa de jantar abstratas. As formas presentes ali sugerem que o progenitor foi devorado. Também causa impacto a escultura Estudo de Natureza, uma esfinge de borracha sem cabeça composta de vários seios e garras. Atenção: na sexta (8), às 19h, o curador canadense Philip Larratt-Smith participa de um debate ao lado das professoras Eliane Robert Moraes, da USP, e Cecília Almeida Salles, da PUC (100 lugares). Não é necessário fazer inscrição prévia.