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Rúgbi tenta se popularizar em São Paulo

Em 2004, existiam quarenta times no país, número que hoje cresceu para 230

Por Catarina Cicarelli
Atualizado em 29 dez 2016, 13h56 - Publicado em 11 mar 2011, 13h01
Rúgbi - Spac - 2208
Rúgbi - Spac - 2208 (Mario Rodrigues/)
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Apesar de ser visto como um esporte de gringos, o rúgbi é tão velho por aqui quanto o futebol. Foi trazido em meados do século XIX por ingleses que vieram trabalhar na São Paulo Railway, a companhia responsável pelas pioneiras estradas de ferro que cruzavam o estado. O primeiro clube da cidade, o São Paulo Athletic Club (Spac), data de 1888 e tinha entre seus sócios o paulistano de origem britânica Charles Miller. Apesar de ter ficado conhecido como o introdutor do futebol no Brasil, Miller era grande entusiasta também de outros esportes.

Mais de um século depois, clubes e federações apostam na “popularização” do rúgbi. Excluído da Olimpíada desde 1924, foi reaceito em 2009. A edição de 2016, no Rio de Janeiro, marca o seu retorno aos Jogos. Nos campos cariocas será disputada a modalidade Sevens, na qual apenas sete jogadores de cada time entram em campo. A mais praticada no mundo, no entanto, é a categoria XV, que, como sugere o nome, tem equipes de quinze atletas.

Em 2004, existiam quarenta times no país, número que hoje cresceu para 230. Só o estado de São Paulo possui setenta equipes. “Aqui ainda é o maior celeiro de clubes no Brasil”, afirma Eduardo Pacheco e Chaves, diretor de relações institucionais da Federação Paulista de Rugby (FPR). Além do centenário Spac, com sede esportiva em Santo Amaro, estão entre as principais agremiações o Bandeirantes, de Moema, e o Rio Branco, da Vila Anastácio. É nas universidades, no entanto, que o esporte mais cresce. Há times na USP, Mackenzie, Unip e PUC. “Em 2008, era difícil juntar jogadoras interessadas”, lembra a estudante de arquitetura da USP Elissa Terensi, presidente do principal time da universidade. “Hoje temos trinta meninas treinando.”

O rúgbi lembra o futebol americano, mas é muito mais ágil. Não há aquelas constantes paradas sempre que o jogador com a bola é atingido pelo adversário. Os times se dividem em dois grupos de jogadores: os forwards, que são os mais fortes, ficam na linha de frente e tentam impedir o avanço dos atacantes adversários; os backwards, mais ágeis, têm a missão de correr em direção ao campo do inimigo até cruzar a linha de fundo. A maior pontuação é adquirida por meio do try, que se assemelha ao touch down do futebol americano.

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“Os universitários costumam ser mais violentos”, diz Felipe Claro, treinador do time masculino adulto do Spac. “Como eles não são tão familiarizados com as regras, batem mais.” Claro começou a jogar aos 11 anos. Aos 14, fazia parte da seleção brasileira M-18, composta de atletas menores de idade. Em 2006 ele foi para a Inglaterra jogar no Heaton Moor Rugby Union F.C., e só voltou no ano passado.

Apesar de a prática dos brasileiros ainda ser amadora, o país é bem-visto no circuito mundial. Em 2009, a seleção feminina fez a primeira participação do Brasil na Copa do Mundo de Rugby e alcançou a décima colocação. As garotas também são heptacampeãs no Sul-Americano, competição que neste ano ocorreu em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Além disso, o Brasil está atualmente no 28º lugar do ranking mundial de times feito pelo Conselho Internacional de Rugby.

Para investir na formação de base, a Federação Paulista inaugurou em agosto o primeiro campo público exclusivamente dedicado ao esporte, a Arena Paulista de Rugby, que fica no Parque Esportivo do Trabalhador, no Tatuapé. Outra forma de incentivar a prática são os programas que a FPR promove em parceria com a ONG Hurra! e a Secretaria Municipal de Educação. Atualmente, eles oferecem aulas e treinos em catorze dos 45 Centros Educacionais Unificados (Ceus) da cidade.

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