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Violeta Jafet: matriarca do Sírio-Libanês

Hospital homenageia uma de suas fundadoras

Por Sandra Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h35

Violeta Jafet já não consegue caminhar com desenvoltura pelos 84 000 metros quadrados do Hospital Sírio-Libanês, na Bela Vista. Mas isso não a impede de bater ponto lá diariamente, como faz há 41 anos. Desde janeiro, quando as pernas começaram a fraquejar, ela troca a bengala por uma cadeira de rodas sempre que precisa percorrer grandes distâncias. A história de Violeta, que tem 98 anos, se confunde com a do Sírio-Libanês. Filha da fundadora do hospital, Adma Jafet, ela esteve presente, aos 13 anos de idade, à reunião que definiu sua criação, em 1921. Naquela época, a atuação do poder público na área de saúde era ainda mais precária que a de hoje e coube a grupos de imigrantes bem-sucedidos investir na construção de centros médicos de qualidade. Dessa maneira surgiram, por exemplo, o hospital da Beneficência Portuguesa, em 1859, e o Albert Einstein, em 1971. Lideradas por Adma, 27 mulheres da comunidade árabe – de famílias como Nahas, Moherdaui, Gebara e Murad – começaram a arrecadar fundos para erguer a instituição.

A pedra fundamental só foi lançada uma década depois do primeiro encontro. Outros dez anos se passaram até que o hospital ficasse pronto para ser inaugurado, em 1941. Mas ainda não seria naquele ano que a instituição abriria as portas. O governo do estado desapropriou o prédio para instalar nele uma escola de cadetes, que ali permaneceu por mais de vinte anos. Quando, em 1965, o Sírio-Libanês finalmente começou a funcionar, Adma Jafet havia morrido fazia nove anos. Violeta tomou o lugar da mãe na direção da Sociedade Beneficente das Senhoras do hospital, entidade ainda hoje mantenedora do centro médico, dos projetos filantrópicos e do Instituto de Ensino e Pesquisa do Sírio-Libanês. Foi graças a Violeta, aliás, que o edifício foi recuperado. Em 1943, ela acompanhou a mulher do então ministro da Viação em um passeio por São Paulo. Fez questão de levá-la à Avenida Nove de Julho. Em frente ao prédio do hospital, falou sobre a transformação dele em escola militar. “Consegui comovê-la e recebi a promessa de ajuda”, conta.

Hoje, o Sírio-Libanês é uma referência entre os hospitais do país, principalmente na área de oncologia. Com 1 200 médicos, que atuam em mais de sessenta especialidades, nele são realizadas cerca de 12 500 cirurgias por ano, além de 14 000 internações. Nas últimas semanas, as dezoito mulheres que atualmente formam a sociedade mantenedora do hospital – todas de famílias que participaram da formação inicial – trabalham na organização de um evento em comemoração aos 85 anos de fundação do Sírio-Libanês, na segunda (27). Ainda que tenha de recorrer à cadeira de rodas, Violeta estará lá para receber uma merecida homenagem.

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