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Drag Contest: quem será a rainha da periferia?

Oportunidades profissionais e diversão estão na mira dos concorrentes ao título de jovem revelação do universo transformista

Por Bruno Cesar Dias
Atualizado em 5 dez 2016, 17h07 - Publicado em 6 jun 2012, 20h25
Dindry oficina drag contest
Dindry oficina drag contest (Bruno C. Dias/)
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Com metade do rosto exageradamente pintado e outra ao natural, Diego Oliveira, 28 anos e morador da Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, era um dos modelos de uma curiosa oficina de maquiagem realizada no último domingo, 3 de junho, no Centro Cultural da Juventude, no mesmo bairro. “Gente, ele está a cara da riqueza!”, gargalhavam os demais participantes da oficina Nasce Uma Drag Queen, atividade preparatória do Drag Contest, concurso que vai eleger a nova rainha dragão da periferia no próximo dia 17.

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Além da valorização da diversidade, a disputa tem como objetivo apresentar o transformismo como um trabalho rentável. “O artista que faz performances e depois demonstra sua força no bate cabelo [balançar a cabeça para jogar os fios de um lado para o outro] representa um estilo de drag, mas há muitos outros. Hoje, pode-se tirar o DRT (registro profissional de ator) e fazer disso uma profissão”, afirma o curador do evento Claudinei Hidalgo.

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Em seu quinto ano consecutivo, o evento faz parte da programação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que ocorre neste domingo (10), e é considerado um sucesso pelo movimento. Na primeira edição, em 2008, apenas sete meninos se inscreveram. Neste ano, o número de candidatos chegou a trinta. Somente quinze farão a grande final, que premiará com 800 reais o primeiro colocado, além de catapultá-lo no concorrido mercado das drag queens, atividade artística que pode render até 5.000 reais por mês. 

Para vencer, é preciso, literalmente, rebolar, explica a drag palestrante Dindry Buck, personagem do publicitário e ator Albert Roggenbuck, que se recusa a revelar a idade. Mineiro de São Francisco, ele se mudou para São Paulo em 1990, onde descobriu o talento para o transformismo. “Hoje é meu principal meio de trabalho.”

Há 13 anos no mercado, Buck faz cerca de 35 eventos por mês. São palestras motivacionais, festas de formatura, de 15 anos e aniversários infantis. A fama conquistada já lhe rendeu até entrevista no “Programa do Jô”. O publicitário não revela quanto ganha, mas afirma pagar todas as contas e ter uma vida confortável. “Foi como drag que comprei meu carro. Não é um Kia Soul, mas dá para rodar por aí.”

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Gilmar Monteiro, vencedor da última edição, ainda trilha o caminho da profissionalização. Aos 28 anos, ele é professor de caratê e dono de um pet shop em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, onde mora. “Para mim, é uma brincadeira que deu certo. Depois de ganhar o concurso fui chamado para me apresentar na Freedom, na Danger e em outras casas GLS”, comenta o jovem, hoje conhecido na noite como Beatriz Uber e com uma média de 15 shows por mês.

Pela segunda vez no Drag Contest, Marillyn Violett, nome artístico do maquiador Marcelo Clementino, 21 anos, espera melhor sorte desta vez. Morador de Lauzane Paulista, na Zona Norte, ele está no mercado há quase cinco anos. “Quem vê de fora acha que esse mundo é só glamour, mas não é assim. São muitos os gastos e é difícil as boates pagarem bem pelo nosso trabalho”, dispara o jovem, que se apresenta regularmente na Freedom, no centro da cidade, e na Close, em Guarulhos. Só num triquini, peça formada por calcinha e sutiã unidos por tiras, Clementino chegou a gastar 800 reais, incluindo as pedrarias e sandálias.

Mesmo ciente da força de seus concorrentes, o maquiador está otimista e já planejou o que fazer se ganhar o prêmio. “O prêmio de 800 reais não é o maior do mundo, mas já é um investimento. Posso inteirar e comprar uma peruca [com 500g de cabelo, sai em média 1.500 reais] ou me matricular em um curso na Catharine Hill [famosa marca de cosmético do mundo artístico das drags]. A grife é esplêndida.”

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