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“Jogamos dois anos fora nas obras da Linha Lilás”, diz secretário

Apesar disso, Jurandir Fernandes afirma que ritmo de construção do metrô é bom e que lotação da Linha Amarela vai melhorar em 2014

Por Nataly Costa
Atualizado em 1 jun 2017, 17h34 - Publicado em 16 set 2013, 14h10

Atrasos, superlotação, denúncias de corrupção e dificuldade na execução das obras por causa da burocracia pública são as dores de cabeça de Jurandir Fernandes, secretário dos Transportes Metropolitanos da gestão Geraldo Alckmin (PSDB). Com 7,2 milhões de passageiros por dia no sistema – 4,5 milhões apenas no metrô – o Estado agora aposta nas Parcerias Público-Privadas (PPPs) para agilizar a expansão da rede e dar mais conforto aos usuários, que reclamam da superlotação. 

No primeiro dia da Semana da Mobilidade, confira a entrevista exclusiva do secretário para VEJASÃOPAULO.COM:

A Linha Amarela teve sua concepção inicial em 1994, mas foi inaugurada há apenas dois anos e continua incompleta. Estações como Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higienópolis-Mackenzie eram aguardadas para este ano e ficaram para o segundo semestre de 2014. O que aconteceu? 

Nós não tínhamos recursos para construir a linha inteira, então resolvemos da seguinte forma: vamos inaugurar primeiro as estações essenciais, as que permitem a integração com as outras linhas. Foi o que fizemos, mas é claro que estamos tendo dificuldade em construir as outras estações com a linha operando. A partir de agora, com a Linha Lilás, por exemplo, queremos somente inagurar as estações em blocos. Fazer uma carreira e inaugurar, e não uma por uma. 

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Os passageiros reclamam da superlotação até nas estações novas, principalmente na baldeação entre Paulista e Consolação. Como resolver isso no curto prazo?

 Quando a Linha Amarela tinha menos passageiros, cerca de .200 mil por dia, logo na inauguração, essa transfência era uma loucura. Hoje, temos quase 700 mil pessoas por dia usando a Linha Amarela. Ela é lotada, mas flui. Assim que inaugurarmos Higienópolis e Oscar Freire, principalmente, teremos um equilíbrio maior. Porque hoje muita gente usa a Estação Paulista e desce um trecho a pé pela Consolação (onde vai ficar a futura estação Higienópolis-Mackenzie) ou para ir até a Oscar Freire. Também existe uma nova saída da Estação Paulista pela Rua Bela Cintra que estamos analisando. Não é difícil fazer, o problema é o proprietário do local que não quer ceder. Seria uma passagem provisória até 2015, quando teremos a Linha Lilás expandida. Com a Linha Lilás, as pessoas vão usar muito menos a transferência entre Paulista e Consolação, o fluxo vai cair 30%. 

 

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A expansão da Linha Lilás (do Largo Treze até a Chácara Klabin, onde vai se conectar com a Linha Verde) também está atrasada. 

Nesta linha, foram dois anos jogados no lixo, infelizmente. A obra sofreu dois tipos de atraso. O primeiro foi em 2009. A licitação deu vazia, os preços estavam acima do mercado, tivemos de fazer outra. Quando estava tudo caminhando novamente, veio a denúncia de fraude (em 2010, o jornal Folha de S.Paulo revelou que os vencedores da licitação já eram conhecidos antes mesmo do fim da concorrência). Tudo isso resultou em, no mínimo, dois anos completamente jogados fora. Ou seja, a Linha Amarela, foi inaugurada em 2011. Se não fosse tudo isso, agora, em 2013, já teríamos a Linha Lilás bem mais adiantada. 

Outra crítica recorrente ao sistema metroviário de São Paulo é que a velocidade de construção é muito lenta. 

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Vamos fazer as contas. Temos 75 quilômetros de metrô em 40 anos, o que dá 1,8 por ano. Agora, vamos fazer as contas de Paris, que tem 211 quilômetros de metrô em 113 anos de funcionamento. Isso também dá uma média de 1,8 quilômetro por ano. Por que ninguém fala isso? Não é justo. Agora, não estou dizendo que estamos tão bem quanto Paris, que é uma cidade deste tamanhinho e milhardária quando comparada a São Paulo. O que falo é de ritmo. Estamos andando, estamos com quatro obras ao mesmo tempo (Linha Amarela, Lilás e os monotilhos das linhas 17 e 15). Ano que vem ainda teremos as obras do trem para o aeroporto (Linha 13-Jade) e da CPTM até Varginha (extensão da Linha 9-Esmeralda). Não existe uma explosão de construção de metrô no mundo, mas nós temos que praticar uma explosão porque começamos tarde. O metrô de Londres é de 1863, o nosso é de 1974. Agora temos que olhar para a frente.

Rede Futura
Rede Futura ()

A burocracia da máquina pública atrasa os planos? 

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As pessoas não entendem a dificuldade que é uma obra pública. Só a parte do projeto funcional, que é o núcleo da concepção da obra, e da obtenção de todas as licenças ambientais, tudo isso leva 48 meses. São quatro anos apenas para poder começar a obra, e isso se der tudo certo, com zero de problemas. Sem denúncia, sem contestação jurídica, nada. E, então, mais quatro anos para fazer a obra civil de fato. 

A próxima linha que será construída do zero, a Linha Laranja, será a primeira obra metroviária construída pela iniciativa privada em São Paulo (a Linha Amarela foi construída pelo Metrô e é apenas operada por uma empresa particular). Vocês acreditam que a construção será mais rápida do que se fosse uma obra púbica?

A Linha Laranja nós fizemos o seguinte: a iniciativa privada terá 25 anos de concessão para construir e operar essa linha. Porém, eles só podem inaugurar o primeiro bloco de estações quando essa linha chegar até um ponto de conexão com o restante do sistema. Ou seja, quando a linha chegar na Estação Água Branca da CPTM. Por isso, acho que eles serão rápidos e devem fazer o trecho Brasilândia-Água Branca em quatro anos, porque aí já podem começar a operar e lucrar com isso. Então, se as obras da Linha Laranja começarem ano que vem, em 2018 teremos esse trecho. Depois, mais dois anos para o restante da linha, que naturalmente estará sendo construída em paralelo.  

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Quando teremos uma rede metroferroviária maior e mais adequada à demanda?

Eu sempre digo que por volta de 2020, 2021 nós vamos estar melhor que hoje. Teremos uma rede de trens e metrô de aproximadamente 450 quilômetros, o que não é nada desprezível. A população de São Paulo e da Região Metropolitana não está crescendo tanto quanto o metrô, que cresce a taxas de 10, 12 por cento. Além disso, há algo interessante acontecendo, que é o desenvolvimento de outros pólos, como a Zona Leste. As pessoas não precisarão tanto do centro.

Metrô - Linha Verde - Estação Vila Prudente
Metrô – Linha Verde – Estação Vila Prudente ()
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