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Quem é Sandra Regina Ruiz Gomes, a namorada de Suzane Richthofen na cadeia

O romance da garota rica que matou os pais com a sequestradora da periferia de Mogi das Cruzes

Por Nataly Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 13h52 - Publicado em 31 out 2014, 17h21

Aos 19 anos, quando cometeu o crime que mudaria para sempre os rumos de sua vida, Suzane von Richthofen era uma típica menina rica da Zona Sul da capital. Frequentou o Humboldt, um dos melhores colégios da cidade, fazia viagens ao exterior e cursava direito na PUC. Morava no Campo Belo em um casarão com piscina, escritório e biblioteca. Ali viviam também os pais (o engenheiro Manfred e a psiquiatra Marísia) e o irmão, Andreas, na época com 15 anos.

Enquanto isso, na Grande São Paulo, outra adolescente enfrentava um cotidiano diferenteno bairro de Jundiapeba, no limite entre Mogi das Cruzes e Suzano. Em uma residência com portão de madeira e numeração escrita a giz, numa rua de terra batida, crescia Sandra Regina Ruiz Gomes, a Galega, como a vizinhança a conhece até hoje. Aos 21 anos, ela não queria saber de estudar — largara a escola antes de completar o ensino médio—, tampouco trabalhar. Gostava mesmo era de virar a noite em festas, beber e arrumar briga na madrugada. A mãe dela, Sônia, sofria de diabetes e morreu de câncer, em 2009. O padrasto, Teódolo da Silva, o Bahia, trabalha como pedreiro e ainda mora na mesma casa.

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Apesar de virem de realidades bem distantes, Suzane e Sandra, ambas hoje com 31 anos, acabaram se aproximando bastante por força da sentença que cumprem na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior do estado. Elas se conheceram na cadeia e, atualmente, vivem um romance, conforme revelou na semana passada a Folha de S.Paulo. Há pouco mais de dois meses, Suzane ganhou na Justiça o direito de ir para o regime semiaberto, mas recusou o benefício porque precisaria ser transferida do presídio, e ficaria longe da namorada.

Em setembro, ela assinou um documento no qual pedia para “morar” com Sandra. Saiu do espaço convencional, que dividia com mais cinco presas, e foi para uma das “celas dos casais”. O local mede 9,90 por 4,20 metros e tem seis tricamas, dois banheiros e dois chuveiros. As duas têm camas separadas e dormem por ali na companhia de outros oito casais. Em Tremembé há ainda um espaço similar, um pouco menor, com seis detentas e suas respectivas namoradas. A divulgação da sur preendente história de amor entre Suzane e Sandra repercutiu bastante. Nos últimos dias, várias montagens apareceram na internet com Richthofen na pele da protagonista do seriado Orange Is the New Black. Nos capítulos do programa, a personagem principal é uma jovem de classe média que acaba na cadeia junto com a ex-namorada depois de traficarem drogas.

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Antes de ficar com Suzane, Sandra teve um affair rápido com outra personagem famosa. Ninguém menos do que Elize Matsunaga, presa em 2012 sob a acusação de ter esquartejado o marido, o empresário Marcos Matsunaga. Elize, que aguarda o julgamento, previsto para ocorrer nos próximos meses, ficou com Sandra por apenas três dias. Conforme as regras de Tremembé, quando há uma separação, as presas precisam passar por uma espécie de quarentena, com um intervalo mínimo de seis meses para requisitar a licença para voltar à cela dos casais com outra companheira. Assim fez Sandra, antes de retornar para lá com Suzane. Agora, as duas falam em se casar ainda neste ano, com uma festa dentro do presídio. 

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Tanto uma quanto a outra viveram paixões perigosas que as levaram a ter problemas com a Justiça. Em 2002, Suzane namorava Daniel Cravinhos, com quem planejou e executou o assassinato dos pais. De origem mais humilde que os Richthofen, ele nunca foi bem-visto pela família da garota. Em 2003, Sandra vivia um relacionamento com o vizinho Valdir Pereira Martins. A exemplo do que ocorreu com Suzane e Daniel, o caso da Galega era reprovado pela família. “Nunca achei o Valdir uma boa companhia. Sempre me pareceu um sujeito barra-pesada”, lembra o padrasto da menina.

Foi por causa do namorado que a Galega acabou presa. O rapaz sequestrou um vizinho, Talisson Vinicius da Silva Castro, de 14 anos. Convidou Sandra para ajudá-lo sob a condição de dividirem o dinheiro do crime. O papel da garota foi negociar com os parentes do menino e extorqui-los. Uma noite, depois de já ter arrancado os 3 000 reais da família que morava do outro lado da rua, ela abriu a porta de casa pela última vez para o namorado. “Sai fora, sai fora. Matei o menino”, ele avisou. Não demorou para que fosse pego e entregasse os comparsas— Sandra e outros dois amigos. Todos foram presos. Como não participou da execução da vítima, ela foi a única a ter o processo desmembrado. Assim, conseguiu na Justiça a diminuição da pena de 27 para 24 anos, em regime fechado.

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O processo de defesa nos tribunais custou 9 500 reais das economias do padrasto, que havia finalmente conseguido juntar a quantia após anos construindo casas de luxo em Toque-Toque Grande, no Litoral Norte de São Paulo. “Era para fazer o muro e ajeitar a casa. Deixei tudo no advogado”, conta Bahia. Na época, ele contratou um dos melhores escritórios da região, o do criminalista Munir Jorge, já falecido. Há onze anos o padrasto não vê Sandra. “Nunca fui visitar, não gosto de coisa errada. Aguentava tudo por causa da mãe dela”, explica. Sandra só recebe a visita do irmão mais velho, o empresário Fulvio Gomes. Depois da prisão, a Galega cortou o cabelo bem curto e passou a usar roupas de homem.

Suzane não conta com a simpatia do irmão e, desde que demitiu seu advogado e tutor Denivaldo Barni, não tem recebido visitas. A rotina do mais novo casal de Tremembé segue a rígida disciplina do presídio. Elas acordam às 6 horas pontualmente para tomar o café da manhã. Vão para o trabalho e dão expediente na oficina de costura do presídio — Sandra opera uma das máquinas,Suzane é a responsável pelo controle de qualidade das roupas, uma espécie de chefe das demais detentas. No mesmo ambiente ainda estão Elize Matsunaga e Anna Carolina Jatobá, acusada de matar a enteada Isabella Nardoni, em 2008.

Enquanto as filas de visitas dominicais dão a volta nos presídios masculinos, com mães, esposas e namoradas, as mulheres condenadas recebem pouca gente de fora. Em Tremembé, são 214 detentas e apenas quarenta visitas por fim de semana. Do trio de presas célebres, apenas Anna Carolina Jatobá recebe constantemente a família. Os pais e os dois filhos vão quase todo domingo. Agora Suzane e Sandra não estão mais sozinhas.

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