Após passeata pacífica, quinto ato contra a Copa do Mundo termina em depredação
Relógios públicos foram pichados e, por volta das 21h40, um grupo quebrou vidros de um agência bancária; 54 foram detidos
Cerca de 1.000 manifestantes contrários à realização da Copa do Mundo no Brasil se reuniram nesta terça (15) à noite em uma passeata iniciada na Avenida Paulista. Organizado pelo Facebook, o ato teve como mote a saúde pública e o lema “Não se fazem hospitais com Copa do Mundo”. A chuva parece ter afastado muitos dos 5.000 que confirmaram presença na internet. Apesar do começo pacífico, a manifestação terminou em pichações de relógios públicos e depredação de uma agência bancária.
A polícia escalou 1.000 soldados para o protesto. Após concentração no vão do Masp, onde uma bandeira brasileira foi queimada por black blocs, eles seguiram no sentido Consolação às 19h40. Apenas uma pista da Paulista foi interditada. Depois, o grupo desceu a Rebouças, sentido bairro, e ocupou uma das vias. Muros e relógios públicos foram pichados no trajeto.
Assim que a caminhada chegou ao fim, por volta das 21h45, começou a confusão. Black blocs danificaram agências dos bancos Santander, HSBC e Bradesco na avenida Vital Brasil, além de depredar um orelhão. Perto dali, 54 pessoas foram detidas na estação Butantã do metrô, cercada por homens da Tropa de Choque e da Força Técnica. Elas foram levadas para a 14ª Delegacia de Polícia. No tumulto, uma manifestante grávida desmaiou e foi socorrida pouco depois.
Esse foi o quinto protesto deste ano, que reuniu grupos heterogêneos, entre estudantes universitários, movimentos sociais e black blocs. A cada manifestação, um novo tema é colocado em pauta, tais como transporte público e educação.
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Além dos atos nas ruas, os organizadores começaram a fazer rolezinhos contra a Copa. O primeiro ocorreu no sábado (12) no Shopping Metrô Itaquera. Cerca de quarenta pessoas com cartazes fizeram uma espécie de protesto-relâmpago dentro do centro comercial. De acordo com os participantes, mais rolezinhos devem acontecer em shoppings, aeroportos e outros locais com grande circulação de pessoas.
Outros atos
A primeira manifestação contra a Copa, em janeiro, ficou marcada pela violência. Um fusca pegou fogo com uma família dentro logo após passar por um colchão em chamas. O fogo foi ateado por black blocs, que também quebraram bancos, vidraças de prédios residenciais e ônibus. No fim, 146 pessoas foram detidas. Um manifestante, Fabrício Chaves, levou dois tiros de policiais.
No segundo protesto, em fevereiro, 262 pessoas foram detidas. A PM usou a tática do “kettling” (chaleira, em inglês), cercando manifestantes preventivamente, antes que qualquer distúrbio ocorresse. Jornalistas também acabaram detidos e agredidos
A terceira manifestação, em março, reuniu 1 500 pessoas no Largo da Batata, segundo a Polícia Militar. Cerca de 1 700 policiais acompanharam a marcha. Ao chegar à Avenida Paulista, um grupo depredou a agência de um banco e um estabelecimento comercial. Na ocasião, estações do metrô chegaram a ser fechadas e usuários foram impedidos momentaneamente de sair.
No quarto ato, 800 manifestantes marcharam pacificamente da Praça do Ciclista até a Praça da República, na região central, também no mês de março. O protesto lembrou o caso de corrupção no metrô de São Paulo e não teve nenhuma pessoa detida.