18ª Parada Gay lota Paulista e centro sem ocorrências graves
Evento defendeu a politização das questões gays e reuniu adolescentes, famílias com crianças e políticos; balanço divulgado às 23 horas, quando ruas estavam quase vazias, apontava apenas casos de pequenos furtos
A 18ª edição da Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) reuniu milhares de paulistanos e turistas, que lotaram a Avenida Paulista e o centro da cidade.
A Polícia Militar estimou que o evento chegou a ter cerca de 100 000 pessoas ao mesmo tempo, mas os cálculos são sempre controversos.
O evento aconteceu sem registro de ocorrências graves. Segundo a Polícia Militar, a grande maioria dos atendimentos foi de casos por embriaguez. Balanço divulgado às 23 horas pelo 4º Distrito Policial da Consolação apontava dezesseis casos de “pequenos furtos”.
Os catorze carros de som saíram da altura do número 900, em frente ao Teatro Gazeta, na Avenida Paulista, por volta das 13 horas. Eles estavam concentrados ali desde as 10 horas.
Ao final do desfile, parte da multidão se concentrou à Praça da República, onde começou pontualmente, às 19 horas, show com o cantor Pedro Lima, revelado no programa The Voice Brasil, da TV Globo. Wanessa Camargo subiu ao palco por volta das 20h30. O som estava relativamente baixo e mal dava para entender as canções ao final da plateia, o que aliviava o possível incômodo da vizinhança.
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Neste ano, o tema foi a politização das discussões da causa gay. “País vencedor é país sem homolesbotransfobia”, dizia o slogan do encontro, com referência ao ano de Copa do Mundo. Muitos dos participantes levaram cartazes pedindo o fim do preconceito e leis que favoreçam os casais homossexuais e a mudança de gênero. Um boneco parecido com o deputado Marco Feliciano, do PSC, ironizava o parlamentar, tido como homofóbico por grande parte do movimento, e trazia os dizeres: “Fora, Feliciano”. Políticos como o senador Eduardo Suplicy e o pré-candidato ao governo paulista Alexandre Padilha, ambos do PT, surgiram no alto de carros de som.
Apesar do clima geral de balada, com público predominantemente jovem, muitas famílias com crianças foram ao evento.
Nos quatro postos de atendimento médico, a grande maioria dos casos era de embriaguez. Um participante apareceu com ferimento na cabeça depois que o namorado lhe desferiu uma garrafada, em uma briga por ciúmes. Uma senhora também passou por lá após ser atingida por um estilhaço de vidro no meio da multidão.
Mais cedo, durante a coletiva de imprensa sobre o evento, o governador Geraldo Alckmin anunciou a instalação do Museu da Diversidade Sexual na Avenida Paulista, no casarão do número 1919. Hoje, o museu fica na Rua do Arouche, na República.
O prefeito Fernando Haddad também estava na ocasião e afirmou que realizar a parada é “obrigação” da cidade. Segundo ele, o evento movimenta 212 milhões de reais para São Paulo.
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Realizada sempre no feriado de Corpus Christi, a Parada do Orgulho LGBT alterou as datas neste ano e antecipou seu desfile para maio com o objetivo de não coincidir com a Copa do Mundo, entre 12 de junho e 13 de julho. O tema da 18ª edição do evento é a criminalização da homofobia.
No ano passado, os números de participantes da parada foram controversos. Segundo a PM, 1,5 milhão de ativistas foram à Avenida Paulista. Para o Instituto Datafolha, no entanto, eram 220 000 pessoas. Por causa dessa disparidade, a organização não informa mais a previsão de público.
Segundo a Associação Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, responsável pela organização da festa, o custo total deve ficar em torno de 3 milhões de reais. A prefeitura, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, investiu 2 milhões de reais. Caixa Econômica Federal, Petrobras, Netflix e Governo Federal também foram patrocinadores.