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Moradores afirmam que foram alvo de disparos de PM

Vídeo mostra policial atirando contra pessoas que estavam na varanda de uma residência. Secretaria da Segurança afirma que caso será investigado

Por Pedro Belo e Ana Luiza Cardoso
Atualizado em 1 jun 2017, 16h21 - Publicado em 4 fev 2016, 15h35

Moradores do bairro Jardim Iguatemi, na Zona Leste da cidade, afirmam que estavam dentro de casa quando foram alvo de disparos de balas de borracha feitos por policiais militares. A agressão, segundo eles, ocorreu na noite do dia 20 de janeiro, durante protesto contra a reintegração de posse de um terreno na região. Um dos vizinhos, que não quis se identificar, filmou as cenas, obtidas com exclusividade por VEJA SÃO PAULO. A reportagem encaminhou as imagens para a Secretaria da Segurança Pública. Em nota, a pasta informou que a conduta dos policiais será investigada pela Polícia Militar.

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Na tarde daquele dia, manifestantes e policiais entraram em confronto durante ato contra a reintegração de posse de um terreno na Rua Tauru. Carros e sacos de lixo foram incediados. A Avenida Bento Guelfi chegou a ficar interditada. Para dispersar a multidão, policiais militares dispararam balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. 

Segundo os moradores do Jardim Iguatemi, por causa da fumaça que invadia as casas, eles acabaram indo para as ruas. Os policiais, conforme uma mulher que mora na região, ordenaram que voltassem para suas residências. O dono de uma das casas do local contou que houve discussão entre policiais e vizinhos, que pediram o fim dos disparos de bombas, como mostra o vídeo obtido por VEJA SÃO PAULO. 

De acordo com esse morador, o bate-boca se estendeu e um policial disparou em direção a uma das residências onde havia pessoas na varanda. “Eles maltrataram a gente. Foi maldade”, disse o homem que aparece no vídeo. “Atiraram contra a gente, dentro das nossas casas. Isso é abuso de poder”, disse sua mulher, que também pediu anonimato.

VEJA SÃO PAULO encaminhou a gravação para uma avaliação do perito criminal Ricardo Molina. Ele afirmou que os disparos foram feitos com balas de borracha, armamento não letal. A respeito da direção do projétil, Molina diz que seria preciso uma visita ao local para analisar se, de fato, foi em direção aos moradores. Mas, segundo o perito, “não há dúvidas de que o disparo foi inclinado para cima”. 

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A reportagem visitou o local e conversou com os moradores. Eles mostraram cápsulas de balas de borracha e afirmaram que foram recolhidas na noite do dia 20. Alguns artefatos exibidos a VEJA SÃO PAULO tinham prazo máximo de utilização até setembro de 2015. Na cápsula há o seguinte aviso: “Atenção: Oferece perigo se utilizado após o prazo de validade”.  

De acordo com o coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho, usar equipamentos fora de validade durante uma ação é uma falta grave. Segundo o especialista em segurança pública, é obrigatório fazer uma verificação de cada artefato antes de os policiais irem às ruas.

“É uma falha grave, não teria implicações em pessoas, mas é um problema de gestão e a gente pensa que isso poderia ir para outras áreas, como em balas reais”, disse. O coronel diz ainda que uma bala de borracha fora do prazo pode perder o alcance, a velocidade e ficar entupida no armamento. “Isso tem que ser visto com extremo cuidado.”

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Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública informou, via assessoria de imprensa, que será instaurado um inquérito policial militar para apurar a conduta dos policiais que aparecem no vídeo. “A Corregedoria da Polícia Militar acompanhará o andamento das investigações e, ao final, fará uma auditoria dos autos”, informou em nota. Questionada sobre a validade das baladas de borracha, disse qugre o projétil com o prazo vencido não oferece riscos para outras pessoas. O máximo que pode acontecer, de acordo com a pasta, é tornar-se inócua.

Reintegração de posse

No dia em que foram gravadas as imagens, a população protestava contra a reintegração de posse de um terreno na Rua Tauru. Havia cerca de 114 famílias morando no local, segundo moradores. O autônomo Wemerson dos Santos, de 36 anos, diz que pagava mensalmente 180 reais a um homem que se dizia posseiro do local. Ele comprou um lote há três anos e construia uma casa de 68 metros quadrados. “Meus planos foram enterrados”, disse Maria José da Silva, de 57 anos, que também perdeu a casa e agora vive de favor na casa de um amigo. 

A reintegração de posse foi determinada pelo juiz Alessander Marcondes França Ramos, da 1ª Vara Cível do Foro Regional VII de Itaquera e marcada para o dia 21 de janeiro. A Justiça requisitou que a PM auxiliasse na desocupação do terreno particular de 78 000 metros quadrados.

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Segundo nota enviada pela Secretaria da Segurança no dia da reintegração, participaram policiais do 28º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M). A área estava ocupada por cerca de 500 pessoas em 80 casas e, segundo a nota, os “ocupantes são ligados ao Movimento de Frente de Luta por Moradia (MFLM)”.

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