Biólogo resgata cães que são vítimas de maus-tratos
Mikael Freitas também treina os animais para participarem de pet-terapia em hospitais e casas de repouso
Há quatro anos, o biólogo Mikael Freitas largou o emprego dos sonhos no Greenpeace e investiu em um projeto próprio focado na proteção animal. Durante o curso de biologia na USP, angariou fundos e firmou parceria com dois colegas, Henrique de Campos e Vergínia Alves, para fundar a ONG Mapaa, especializada em resgates emergenciais de cães vítimas de maus-tratos. “Resolvemos priorizar os casos mais graves, em que o cidadão comum não poderia ajudar”, conta.
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Exemplo disso foi o salvamento de Zé. O bicho teve a coluna quebrada ao ser atropelado. Após uma operação malfeita, na qual um arame serviu para amarrar a espinha, ele foi abandonado novamente e passou o pós-operatório nas ruas. Nesse período, sofreu agressões e a gambiarra cirúrgica se soltou. Após denúncia, Zé acabou descoberto pela instituição de Freitas, que providenciou tratamento de qualidade à mascote. Hoje, apesar de conseguir caminhar apenas com as patas da frente, o cão leva uma vida quase normal. “Trabalhamos com casos que mostram um lado ruim do ser humano”, lamenta.
Ao todo, o biólogo calcula ter salvado cerca de 300 animais em situação de risco.“A maior dificuldade foi manter a nossa proposta original de não ser um canil”, confessa. Devido à estrutura limitada, só é possível abrigar dez animais de uma vez. Por isso, o objetivo é sempre atrelar o resgate à adoção.
Caso não haja número suficiente de pessoas dispostas a acolher os pets, Freitas precisa negar os atendimentos. “Isso significa que, em um mês, o número de assistências varia de três a onze”, afirma. E o trabalho não fica nisso. A etapa seguinte é treinar os cachorros para exercer a pet-terapia em hospitais e casas de repouso. Ao todo, seis instituições (Fundação de Medicina do ABC, Conjunto Hospitalar do Mandaqui, Lar Madre Regina, Athenna Casa de Repouso, Acolhida Morada São João e Hospital Santa Catarina) recebem a visita dos peludos.
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Os mais treinados são a vira-lata Celeste, vítima de abandono, e o golden retriever Givago, alvo de maus-tratos. A técnica mostrou-se eficiente: a vontade de interagir com os cães ajudou uma paciente de 5 anos da Fundação de Medicina do ABC a recuperar parte dos movimentos perdidos em decorrência de um tumor no cérebro. “Brincamos que somos o Cidade Alerta dos animais, mas, no fim, é tudo supergratificante”, diz Freitas.