“Não posso adivinhar que terminará em lambança”, diz Marcelo Rezende
Apresentador que narrou ao vivo perseguição de policial a dois suspeitos disse que o caso teve um final "surpreendente"; PM foi preso administrativamente
Na noite da última terça-feira (23), Marcelo Rezende narrou ao vivo no programa Cidade Alerta, da Record, a perseguição de um policial militar a dois suspeitos de roubo, no Jardim São Luís, na Zona Sul de São Paulo. Durante a transmissão (veja o vídeo abaixo), ele disse eufórico: “Atira, meu camarada, é bandido” e “se ele atirou é porque o bandido estava armado”. O vídeo ganhou repercussão nacional e, um dia depois, o PM foi preso administrativamente e afastado de suas atividades operacionais. Para o apresentador, o caso terminou em “lambança”, já que o oficial errou ao pegar a arma do suspeito e, supostamente, tentou alterar a cena do crime.
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https://youtube.com/watch?v=wBWHATlICgM
Durante a transmissão, você falou diversas vezes para o policial atirar. Você se arrepende?
Eu não posso adivinhar que o caso terminará em uma lambança. Ele é um policial, tem que exercer a função dele, que é prender bandido. A minha é falar. Na hora que o sujeito (na moto) atira e joga o capacete, o que você quer que o PM faça? Ali é uma adrenalina só. Quando você está no meio de um tiroteio, só pensa em salvar a sua vida. Sentado em um escritório ou em uma poltrona, é mole, mas vai para lá. Aquilo é uma narrativa de um momento de tensão de todos nós. Se você perguntar se eu estava torcendo pelo PM? Eu estava torcendo pelo PM. Agora, se eu estava torcendo para alguém morrer? Obviamente que não. Em alguns casos eu sou a favor de pena de morte. Mas nesse não.
Em quais casos você é a favor?
Violência contra a mulher. Eu tenho verdadeiro pânico com essa história de homem que invade corpo de mulher à força. Eu não consigo viver num país com pedófilos e estupradores. Deus que me perdoe, mas é a única coisa que eu acredito em pena de morte.
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Como foi a audiência no dia da perseguição?
Não mudou nada. Uma hora dá menos, em outra dá mais. No dia, ficamos na média de nove pontos. Ontem (quarta) alcançamos dez pontos. Eu trabalho pelo interesse público e não pela curiosidade de alguém.
Como foi narrar o episódio de perseguição?
Todos os dias nós mostramos perseguições. A de terça teve o desfecho surpreendente. Acompanhei até o momento em que o sujeito, na garupa da moto, joga o capacete em cima do policial. Ele atira uma vez e depois o policial revida. Eu vi até ali. Não tenho a sequência da imagem, quando o policial dá dois tiros e descaracteriza o cenário do crime. A função do policial é prender os caras. Se eles atiram, ele tem que revidar. O drama começou quando, supostamente, ele tentou se desfazer da cena do crime. Ali é que ele se lascou.
Como você enxerga a prisão administrativa do policial?
Quando o policial vai para a cena do crime, pega a arma e dispara, faz uma lambança só. Porque se os caras estavam dominados e já tinham sido atingidos, ele não precisava pegar a arma. Só com o pé mesmo. Poderia jogar em um canto e eles já estariam rendidos. Por que ele precisou pegar a arma com a mão? Aí que está a lambança. Tem diversas normas no cenário do crime que precisam ser cumpridas. Caso contrário, você violenta a lei. Desfazer a cena do crime é uma tragédia, mas isso é comum no dia a dia da perícia.
Esse caso foi difícil de narrar? Você se lembra de outros marcantes?
Esse foi um caso, não o pior. Já participei de vários quando era repórter. Narrando eu já fiz perseguições mais complicadas. Talvez não com o final tão trágico. Nos outros que eu narrei, quase sempre os policiais prendem os caras porque eles se entregam. Teve um, no ano passado, de três sujeitos na Zona Leste de São Paulo que fugiram após um assalto. Uma PM à paisana viu e foi atrás. Imobilizou um e, depois da chegada do reforço, prendeu dois de frente. Isso no meio do trânsito. Acompanhei tudo com o comandante Hamilton no helicóptero.