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Juliana Galdino fala sobre nova peça, ‘Fatia de Guerra’

Ex-integrante do CPT, de Antunes Filho, a atriz e diretora do Club Noir conta mais sobre a Mostra Brasileira de Dramaturgia Contemporânea e as tragédias de Ésquilo

Por Livia Deodato
Atualizado em 5 dez 2016, 16h28 - Publicado em 21 dez 2012, 11h56

No dia 15 de janeiro, o Club Noir, dirigido por Juliana Galdino e Roberto Alvim, estreia a sexta peça da Mostra Brasileira de Dramaturgia Contemporânea, iniciada em julho passado.

Fatia de Guerra, texto do curitibano Andrew Knoll, apresenta o mundo sob o ponto de vista de um cachorro doente, prestes a ser sacrificado por seu dono. O tempo e o espaço são imprecisos, como em todos os demais espetáculos da mostra. “Se existe um ponto em comum é o fato de todas as peças proporem uma invenção de linguagem, uma quebra de uma estrutura narrativa, uma subjetivação da história”, diz Juliana.

Logo após Fatia de Guerra, que encerra temporada em 7 de fevereiro, entram em cartaz as últimas da mostra: Agronegócio (de 12/2 a 7/3), de Marco Catalão, que trata sobre a morte do proprietário de uma plantação de cana de açúcar, cuja cabeça decepada continua a falar, e Grimorium (12/3 a 4/4), de Alexandre França, que remete ao gênesis bíblico e conta a história de uma criatura que recebeu a vida de um homem e uma mulher, como se estes fossem deuses.

+ Os espetáculos que retornam em 2013

As peças, todas inéditas, podem à primeira vista carregar no tom da violência, mas Juliana garante que tudo depende da interpretação do espectador. “A intenção de todas elas é apenas quebrar com um sistema hegemônico de formas reconhecíveis”, afirma. “Em Fatia de Guerra, por exemplo, há esse cão à beira da morte, que está fora do tempo e do espaço. Depois ouvimos as vozes de uma arma e até da paisagem. A violência ali é tratada de uma maneira extremamente poética, que não pode ser enquadrada em um único contexto.”

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Juliana destaca a forma como o autor de Fatia de Guerra estruturou o texto. Os diversos “emissores”, que vão desde personagens a elementos inanimados, ganham vida com convicção. “Há uma quebra de linearidade, mas não por isso ele perde a linha emocional. A peça é comovente, pois o Andrew soube equilibrar todas as pulsões relativas à vida humana”, diz Juliana.

Outro projeto que o Club Noir volta a apresentar em 2013 é o Peep Classic Ésquilo, com as seis tragédias do autor considerado pai do gênero. A partir de 11 de janeiro, As Suplicantes e Os Persas voltam a ser apresentados às sextas-feiras, às 20h30; Sete contra Tebas e Prometeu aos sábados, às 20h30; e aos domingos, Orestéia I e II, às 19h30. “Foi o Antunes [Filho] que me instigou a montar as tragédias de Ésquilo”, conta Juliana.

A atriz e diretora deve sua formação ao diretor do CPT, com quem trabalhou durante sete anos e meio. “Ele me formou como ser humano, me mostrou o caminho do comprometimento intenso e absoluto com as minhas escolhas. Nesse sentido, Antunes é o meu pai espiritual”, afirma Juliana.

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