Haddad anda de bicicleta com ‘pai’ da mountain bike
Gary Fisher disse ao prefeito para não desistir de política a favor da mobilidade urbana
O prefeito Fernando Haddad (PT) se encontrou na manhã desta quinta-feira (30) com um dos criadores da mountain bike e um dos principais designers de bicicleta do mundo, Gary Fisher, que está no país desde a semana passada. Ambos se encontraram na frente do Centro Cultural São Paulo, na Zona Sul, por volta das 8h15, e desceram, de bicicleta, até a sede da prefeitura, no centro.
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Um grupo de cicloativistas, como Daniel Guth e Renata Falzoni, os acompanhou. O trajeto escolhido passou pela Rua Vergueiro, Praça da Sé e Rua Líbero Badaró — todos trechos que já contam com ciclovias instaladas pela atual gestão municipal.
Haddad recebeu Fisher em seu gabinete, no quinto andar da sede da prefeitura, onde tomaram uma xícara de café e um copo de água. Os dois conversaram, em inglês, sobre a taxação das bicicletas e a mudança da concepção exclusivamente automobilística das cidades, que prevalece no Brasil nas últimas décadas.
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O prefeito disse que Fisher lhe afirmou que a questão do incentivo ao uso de bicicletas e outros modais passa pela saúde pública, por prevenir doenças relacionadas ao sedentarismo, como a obesidade, cada vez mais comum na sociedade brasileira. “Ele corretamente está dizendo que estamos gastando uma montanha de recursos públicos em saúde, quando poderíamos ter ações preventivas e de promoção da saúde em que a bicicleta pudesse fazer parte de um outro cenário.
Também foram discutidos impostos que incidem sobre a bicicleta (estudos mostram que eles chegam a mais de 50% do valor de uma bicicleta no País) e Haddad os considerou “irracionais”. “Estamos numa campanha de diminuir os impostos sobre a bicicleta, que são estaduais e federais, porque ela pode ficar muito mais barata no Brasil e todo o mundo ter uma, e quando você tem uma você sempre olha para ela e pensa ‘Será que posso sair de casa de bicicleta?’ É uma política lucrativa do ponto de vista do transporte público: você vai gastar menos com saúde do que uma eventual perda de impostos.”
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O petista afirma ter ouvido conselhos de Fisher no sentido de continuar com a política de incentivo ao uso de bicicletas, ônibus e outros meios de transporte que não o carro e a moto. “O que ele mais insistiu é que nós insistamos. Ele falou: ‘Não desista, porque no começo vai ter uma oposição e as pessoas vão reagir. São 50, 60 anos no paradigma exclusivo para o carro, onde o pedestre, o ciclista e o transporte público não têm vez. Não adianta exigir que as pessoas compreendam isso imediatamente, mas se vocês insistirem, vão ganhar o debate, porque não há alternativas para as cidades.'”
Atualmente, a cidade tem cerca de 160 km de ciclovias, dos quais em torno de 100 km foram criados desde junho, quando a Prefeitura decidiu investir mais em vias só para o deslocamento de bicicleta. A intenção de Haddad é ultrapassar a marca de 400 km até o fim de 2015. (Com Estadão Conteúdo)