Criadores de ‘Peixonauta’ vão lançar primeiro longa em 3D
TV PinGuim, que começou de forma modesta, é hoje o maior negócio do país nesse mercado
Na infância, Kiko Mistrorigo era fã das peripécias de Tom e Jerry. Enquanto isso, Celia Catunda sonhava ser a Penélope Charmosa, da Corrida Maluca, clássico da Hanna-Barbera. Já adultos, eles uniram forças e a paixão por desenhos para criar em São Paulo, em 1989, um estúdio de animação. O negócio, que começou de forma modesta, é hoje o maior do país nesse mercado. A TV PinGuim funcionava em um pequeno sobrado na região do Ibirapuera e apenas os dois fundadores davam expediente por lá. No começo, entre um e outro projeto de curtas para ser exibidos em festivais, pagavam as contas com ajuda de serviços extras, incluindo a confecção de papéis de segurança para folhas de cheque.
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Aos poucos, o trabalho foi evoluindo, mas engrenou de vez mesmo com o lançamento, em 2009, do Peixonauta, a série estrelada por um peixe que consegue viver fora do mar usando roupa de explorador das galáxias e um capacete cheio de água. O programa, com apelo ecológico para crianças de idade pré-escolar, virou rapidamente líder de audiência do canal a cabo Discovery Kids. Hoje, é exibido também em outros oitenta países e gerou cerca de 300 produtos licenciados.
O sucesso ajudou a mudar o patamar do empreendimento de Kiko e Celia. Em 2007, uma terceira pessoa, o economista Ricardo Rozzino, entrou na sociedade. A companhia possui atualmente setenta funcionários e ocupa três andares de um prédio na Avenida Brigadeiro Luís Antonio. “Estamos orgulhosos de tudo o que fizemos e das possibilidades que temos pela frente”, comemora Kiko, de 51 anos.
Enquanto a primeira temporada do Peixonauta se viabilizou com a ajuda de recursos de leis de incentivo, a segunda, que começou a ir ao ar em janeiro, teve os 5 milhões de reais de produção bancados pela TV PinGuim. O título ainda vai render um longa em 3D, com lançamento previsto para 2014.
Mais personagens se encontram em fase de acabamento. A lista inclui outro filme (Tarsila) e três séries. Em uma delas, Gemini8, um garoto de outro planeta cria acidentalmente um portal que transporta para lá um menino terráqueo. Na Sou + Surfe, uma turma corre o Brasil em busca de ondas. A menina Luna fará descobertas sobre fenômenos do universo de forma divertida.
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A série, de mesmo nome, deve chegar ao mercado, também em 2014, em outra parceria com o Discovery Kids. “Queríamos fugir dos clichês para mostrar uma garota cientista”, conta Adriano Schmid, produtor sênior da Discovery Networks. O consultor da série é Walmir Cardoso, especialista em física e astrofísica da PUC-SP. Entre outros temas que propôs para o programa, estão questões curiosas como “é possível andar nos anéis de Saturno?”. Segundo Cardoso, trata-se do resgate do espírito de investigação típico das crianças. “Luna aborda esse maravilhamento infantil diante da natureza”, define. “Isso me encantou no trabalho.”
Os roteiros ficam sob a coordenação da dupla de fundadores do estúdio. Quando entraram nesse ramo, eles não tinham filhos. Hoje cada um tem um casal, já na fase adolescente. “A maternidade me deixou mais próxima do universo infantil, e os pequenos, além de serem fontes de inspiração, acabaram dando várias sugestões”, conta Celia, de 48 anos, que é irmã da artista plástica Leda Catunda. Os filhos da sócia da PinGuim revelam talento para o desenho e podem, no futuro, seguir a bem sucedida carreira da mãe nessa área. Em vez deTom & Jerry e Corrida Maluca, porém, terão como referência desenhos de sua geração, como os da Pixar e, é claro, os da empresa de animação na qual nasceu o Peixonauta.