Após 55 dias, estudantes desocupam a Escola Fernão Dias, em Pinheiros
Instituição tornou-se o símbolo dos protestos contra a reorganização escolar anunciada pelo governo do estado
Aos gritos de “O Fernão é nosso” e “A luta continua por melhorias na educação”, os estudantes que ocupavam a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, entregaram as chaves do local ao supervisor de ensino Alex Pereira de Almeida, por volta das 19h30 desta segunda (4).
A saída do grupo ocorreu 55 dias após o início da ocupação, realizada para protestar contra a reorganização escolar anunciada em outubro pelo governo do estado. Ao todo, quase 100 unidades de ensino chegaram a ser invadidas na capital. A Fernão Dias foi a primeira a ser ocupada na capital paulista e tornou-se um símbolo do movimento.
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“Algumas de nossas reivindicações só se concretizariam com o fim da ocupação”, afirmou o aluno Heudes Cássio da Silva, de 18 anos, porta-voz do grupo. “Algumas delas são a abertura da sala de informática e da biblioteca, e a autorização para a criação de um grêmio estudantil”, completou.
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Os alunos se reuniram diante dos jornalistas presentes e leram um termo de entrega do estabelecimento assinado pelo supervisor. Nele, os estudantes afirmam que um dos principais objetivos (o pedido de suspensão à reorganização escolar) estava alcançado, e que “agora lutaremos por uma educação de qualidade”.
No começo da noite, seis alunos, três pais, o funcionário da Secretaria Estadual de Educação e uma advogada vistoriaram a instituição. Após cerca de uma hora, o supervisor de ensino declarou que a escola está em boas condições para as aulas serem retomadas na quarta. Nesta terça será realizada uma reunião com pais e alunos para definir o calendário de reposição de aulas.
Durante o fim de semana e até o começo da tarde desta segunda, um mutirão de pelo menos cinquenta alunos realizou uma limpeza no local. Organizaram salas, cozinha, pátio e recolheram os últimos pertences. Alimentos como arroz, feijão e roupas serão doados. Os estudantes se comprometeram a bancar a compra de uma mesa de pingue-pongue, danificada durante a ocupação.
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“A lição que tiramos desse episódio é de união, convívio e respeito. Assim se faz política estudantil”, declarou o aluno Jonathan Wallace, de 17 anos.
Segundo a Secretaria de Educação, no momento há apenas cinco escolas ocupadas no estado (o número chegou próximo a 200, no auge da crise).