Quais as prioridades para reverter o aumento dos índices de criminalidade?
Confira as respostas de Geraldo Alckmin (PSDB), Paulo Skaf (PMDB) e Alexandre Padilha (PT) para as perguntas de Marcelo Batista Nery, consultor do Núcleo de Estudos da Violência da USP, sobre segurança
Geraldo Alckmin: A taxa de homicídios por 100 000 habitantes caiu de 35 para dez nos últimos anos, uma conquista importante. O desafio agora são os crimes contra o patrimônio. Criamos bonificações para policiais e estamos combatendo fortemente os roubos e furtos de carros. Fizemos uma lei inédita no país para acabar com os desmanches irregulares, que receptam peças roubadas. Na área de tecnologia, contratamos o mesmo sistema de inteligência de Nova York, o Detecta. Na primeira fase de implantação, estamos com 2 300 câmeras de monitoramento funcionando e integradas ao centro de controle da polícia.
Paulo Skaf: Os números de assaltos e de roubos cresceram muito. O de estupros, então… Foram 40 651 ocorrências em três anos e meio. Isso se compara à Guerra da Bósnia. Quero desburocratizar a área. Hoje, uma viatura da Polícia Militar passa horas em uma delegacia para registrar uma ocorrência. A PM precisa proteger a população na rua, e a Civil deve investigar, o que não faz, pois só 2% dos casos de roubos são esclarecidos. Vou equipar as viaturas com bafômetro, medidor de barulho e câmera. Usarei a tecnologia para valorizar os agentes. Não conheço exército no mundo que tenha ganhado com as tropas desestimuladas.
Alexandre Padilha: Toda vez que aumenta o índice de roubos, latrocínios e crimes contra o patrimônio é preciso desconfiar da real causa da queda de homicídios, algo que o governo diz ter acontecido. A impressão é que a queda está mais ligada ao crime organizado, que controla a vida das pessoas nas regiões mais vulneráveis, do que à política de segurança pública. Outro problema é que São Paulo tem vários perfis de polícia atuando de forma descoordenada. Vou criar a Força Paulista de Segurança, que, na prática, se resume em integrar o comando das nossas atuais corporações para multiplicar a força desses policiais.
- O que é possível fazer para reduzir a força das organizações criminosas no sistema penitenciário?
Geraldo Alckmin: A questão das cadeias no país é gravíssima. São Paulo será o primeiro estado a não ter mais presos em delegacias. O Brasil não tinha penitenciária de segurança máxima. Construímos três. Estamos expandindo o restante do sistema, com dezenove obras em andamento. Outra coisa importante: nossa polícia prende criminosos. Temos 20% da população brasileira e 40% da população carcerária. Então a polícia tem trabalhado, e nós estamos aumentando o sistema penitenciário. Ao mesmo tempo, é preciso oferecer alternativas de trabalho a quem cumpre pena. Nós já temos quase metade dos presos estudando ou trabalhando.
Paulo Skaf: É um absurdo a incompetência do governo de só instalar bloqueadores de celular em seis das 78 penitenciárias do estado. Eu vou acelerar isso, porque é uma das formas de combate: a ordem para crimes parte de dentro das celas. O crime organizado está ligado ao tráfico de drogas, e nós vamos endurecer com os criminosos. Iremos controlar a entrada de armas pelas divisas do estado com drones, câmeras e scanners. Além disso, temos 200 000 presos em um espaço para 120 000. Teoricamente, seria preciso construir oitenta penitenciárias para acomodar essa quantidade. Vou começar abrindo dezenove, com a ajuda de capital privado, por meio de parcerias.
Alexandre Padilha: Temos de começar bloqueando os celulares no sistema penitenciário. Hoje, os presídios se transformaram em escritórios da principal facção criminosa do país. Para controlar esse grupo, é preciso estabelecer uma parceria com a Polícia Federal e impedir o fluxo financeiro desses criminosos. Também é necessário remanejar os líderes dessa organização para presídios federais. Outro ponto importante é, ao lado do Judiciário, agilizar as definições de pena. Hoje, pouco mais de 30% das pessoas presas estão com penas provisórias. Elas já poderiam estar voltando à sociedade, mas estão lá dentro, servindo de mão de obra para o crime organizado.