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Os vencedores e os perdedores das eleições em São Paulo

Confira o que muda na Câmara dos Vereadores e as apostas de Geraldo Alckmin para o segundo mandato

Por Maurício Xavier e Jussara Soares
Atualizado em 1 jun 2017, 17h13 - Publicado em 10 out 2014, 23h00

Na esfera nacional, a batalha entre PSDB e PT ainda continua acirrada, com Aécio Neves e Dilma Rousseff brigando pela vitória no segundo turno. No plano estadual, no entanto, os tucanos já tinham bons motivos para comemorar logo após o fechamento das urnas no domingo (5), a começar pela reeleição folgada de Geraldo Alckmin, enquanto o petista Alexandre Padilha amargava o terceiro lugar, atrás de Paulo Skaf, do  PMDB. Outra conquista importante do PSDB envolveu a vitória  de José Serra sobre Eduardo Suplicy na corrida ao Senado. Na Câmara dos Deputados, o partido somou mais uma cadeira. Com isso, a bancada paulista de catorze parlamentares ficou maior que a do PT, que perdeu seis vagas e, agora, tem dez. Entre os campeões de votação, os tucanos emplacaram cinco na lista dos dez maiores: Bruno Covas, Carlos Sampaio, Duarte Nogueira, Ricardo Trípoli e Samuel Moreira. “Eu esperava algo em torno de 150 000 votos e fiz 227 000, então foi bem acima da expectativa”, admite Moreira. O mais bem colocado do PT, Andrés Sanchez,  ex-presidente do Corinthians, ficou em vigésimo lugar.

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Fora da polarização entre esses dois partidos, o fenômeno que mais se destacou foi Celso Russomanno. Com 1,5 milhão de votos, o candidato do PRB ficou com o posto de deputado federal mais lembrado do país. A exposição diária no quadro Patrulha do Consumidor, no Programa da Tarde, da Record, ajudou a garantir-lhe 200 000 eleitores a mais do que em 2012, quando disputou a prefeitura e terminou em terceiro. Aliás, ele tentará o cargo novamente. “Nunca escondi que sou pré-candidato, coloquei isso no material de campanha”, afirma. O apresentador de TV vai conciliar a atividade parlamentar em Brasília com as gravações nos  estúdios da emissora, na Barra Funda. O campeão ainda ajudou a eleger outros sete candidatos do PRB com votação baixa, entre eles o cantor Sérgio Reis (45 330), estreante nas urnas. “Sou inexperiente, o  Russomanno vai me ajudar”, diz o sertanejo.

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Sergio Reis
Sergio Reis ()

Esse fenômeno ocorre por causa do chamado quociente eleitoral. Ele estabelece que as cadeiras do Parlamento sejam divididas entre as siglas, e não entre os indivíduos mais votados. Por isso, um candidato pode  perder a vaga para um concorrente que teve votação menor, dependendo do partido em que está. Dos setenta novos deputados federais paulistas, só cinco conseguiram se eleger com o próprio desempenho nas urnas (veja o quadro abaixo). Segundo mais votado no estado, o palhaço Tiririca também carregou cinco candidatos inexpressivos de seu PR para Brasília.

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O cordão dos puxa-votos
O cordão dos puxa-votos ()

Sérgio Reis teve menos eleitores, por exemplo, que o presidente do PPS, Roberto Freire, figura carimbada no Congresso desde 1979 (ficou de fora apenas entre 2007 e 2011). O ex-senador obteve 62 823 votos,  insuficientes para a reeleição. Companheira de partido, a ex-VJ da MTV Soninha Francine, que chegou a ter a candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa, também derrapou nas urnas e amargou 29 289 votos, o pior resultado de sua carreira. Há dois anos, quando concorreu à prefeitura, teve 162 384.

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“Esperava ao menos 90 000”, lamenta. Pelo PCdoB, o pagodeiro Netinho de Paula recebeu 82 105 votos e não conseguiu trocar a Câmara dos Vereadores pela dos Deputados. Em 2010, ao perder a disputa ao Senado para o tucano Aloysio Nunes Ferreira, havia obtido mais de 7 milhões. Uma das cadeiras, no entanto, pode mudar de dono. Barrado pela Lei da Ficha Limpa, o e x-governador Paulo Maluf aguarda análise do recurso apresentadoao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para validar seus 250 000 votos (seria o oitavo colocado). Se perder, ainda poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Coronel Telhada
Coronel Telhada ()

Na Assembleia Legislativa, PT e PSDB perderam espaço. Mas o estrago no primeiro partido foi bem maior, houve a redução de sua bancada de 22 para catorze cadeiras. Com isso, os tucanos, que deixaram escapar só um posto e agora têm 22, passaram a ser maioria na casa. A legenda também fez os três mais votados, Fernando Capez, o Coronel Telhada e Orlando Morando. O primeiro entre os petistas, Enio Tatto, ficou em 32º lugar. E x-promotor de Justiça famoso pela atuação contra as torcidas organizadas de futebol, Capez esperava chegar ao terceiro mandato repetindo os 215 000 votos de 2010.

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Acabou levando 43% a mais que isso, com metade do apoio vindo do interior. “Todos os dias atendia prefeitos no meu gabinete. Eles faziam fila”, diz. “O retorno compensou.” Entre suas bandeiras de campanha, Capez prometeu lutar na defesa dos direitos dos animais e também batalhar por projetos em benefício de policiais militares. Ex-comandante da Rota entre 2009 e 2012, Telhada chega ao Legislativo estadual com o Coronel Camilo (PSD), outro a deixar a Câmara Municipal,e o Delegado Olim (PP). Eles integrarão a chamada “bancada da bala”, onde já atua o Coronel Edson Ferrarini (PTB), esse último eleito pela oitava vez. “O sentimento de insegurança norteia São Paulo”, afirma Telhada. “Daí a populaçãoprestar mais atenção ao nosso discurso.”

Fernando Capez
Fernando Capez ()
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As mudanças na Câmara dos Deputados e na Assembleia provocaram efeito colateral no Legislativo municipal. Como sete vereadores migraram para as outras casas, um número igual de suplentes assume seus cargos em 2015. As trocas deixaram PT e PSDB com bancadas de mesmo tamanho, ambas com dez integrantes. Os petistas perderam José Américo. Os tucanos ficaram sem Floriano Pesaro e Telhada, mas recebem Adolfo Quintas, Aníbal e Salomão (veja mais detalhes no quadro). No momento, o reequilíbrio de forças não deve comprometer a governabilidade do prefeito Fernando Haddad. Mas no Palácio Anchieta já se admite a possibilidade de a oposição indicar o presidente da mesa diretora em 2016.

cadeiras
cadeiras ()

Na corrida ao Senado, José Serra encerrou uma trajetória de 24 anos de Eduardo Suplicy, ou três mandatos, e pode ter aposentado o petista ao vencê-lo por 58% a 32%. O próprio Suplicy reconhece que a rejeição ao PT em São Paulo, onde Dilma teve 26% dos votos contra 44% de Aécio, afetou seu desempenho. “Vários eleitores diziam gostar de mim, mas não aceitavam votar no partido”, afirma ele, que ainda não cogita novos cargos e dará aulas na USP Leste no ano que vem. Após deixar o Congresso, em 31 de janeiro, também planeja recolher-se em sua casa na vila de Picinguaba, em Ubatuba, no Litoral Norte, onde escreverá artigos. “Lá sou amado por todos”, diz, sem esconder um certo ressentimento com a dura derrota nas urnas.

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Na disputa ao governo, depois de garantir a vitória no primeiro turno com 57% dos votos, Geraldo Alckmin deve ter grande parte de sua agenda tomada nas próximas semanas pela campanha de Aécio no esforço tucano para tentar derrotar o PT no governo federal. Isso não vai impedir o início das articulações para os próximos quatro anos de sua gestão em São Paulo. Mudanças no secretariado estão sendo cogitadas nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes. Uma aposta é a fusão entre a pasta de Logística e Transportes e a dos Transportes Metropolitanos. 

Na mesma área, estuda-se acriação de uma agência reguladora para o metrô, nos moldes da Artesp, que fiscaliza principalmente as concessões rodoviárias. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que ficou com o deputado federal Rodrigo Garcia até sua desincompatibilização para a eleição, em abril, pode passar para as mãos de um deputado estadual. Um dos cotados é Orlando Morando, que aumentou seu cacife político ao ser o terceiro mais votado para a Assembleia. Quem deve retornar ao governo é Edson Aparecido, que esteve à frente das pastas de Desenvolvimento Metropolitano e da Casa Civil antes de  engajar-se na coordenação da campanha de reeleição do governador.

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