Continua após publicidade

Grafite na capital retrata cena de decapitação pelo Estado Islâmico

Obra no Teatro do Incêndio, na Rua da Consolação, pretende estimular debate sobre a banalização da violência

Por Felipe Neves
Atualizado em 5 dez 2016, 12h45 - Publicado em 27 fev 2015, 20h41
grafite_consolação
grafite_consolação (Felipe Neves/)
Continua após publicidade

 

Parado no canteiro central da Rua da Consolação, o entregador de supermercado Leonardo Souza observa o painel colorido na calçada do outro lado. Com várias sacolas nas mãos, ele faz uma reflexão:

“Acho que isso representa o dia a dia de São Paulo. A violência contra o trabalhador e pai de família, que sofre assaltos todo dia.”

Assinada pelo grafiteiro Paulo Ito, a obra na fachada do Teatro do Incêndio não é bem isso. Na realidade, mostra três pessoas em volta de um tablet, que reproduz uma cena ultimamente comum no noticiário internacional: com uma faca, um radical do grupo extremista Estado Islâmico executa um refém. Os personagens em volta do aparelho riem da situação. O painel foi produzido no último dia 16, durante o Carnaval.

“A ideia foi retratar a banalização da violência no mundo contemporâneo”, declarou o artista, em depoimento publicado na página oficial do teatro na internet.

Continua após a publicidade

O efeito no entanto, foi inverso.

“Fui acusado de incitação à agressão.”

Com 25 metros quadrados de área, o grafite foi realizado em parceria com a direção do Teatro do Incêndio, que ocupa o espaço há cerca de um ano. A trupe já havia trabalhado com outros pintores em sua antiga sede, no Bixiga. À época, os artistas José Roberto Aguilar, Simone Sapienza, OZI e Celso Gitahy decoraram a fachada com o tema “Antropofagia e morte dos poetas paulistas”.

Continua após a publicidade

“Paulo teve liberdade de criação e o que ele fez tem muito a ver com a história do teatro, que sempre demonstrou posicionamentos contrários ao ódio, à intolerância e à injustiça”, afirma o diretor artístico do grupo, Marcelo Fonseca.

Segundo ele, o painel também dialoga com a peça O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica, que retrata grandes nomes da música brasileira, em cartaz no espaço. A obra não tem prazo de validade e deve ficar no local até que o artista resolva substituí-la.

“Ela conversa com quem a observa. A banalização da violência é um tema atual na vida dos paulistanos”, diz Fonseca.

Continua após a publicidade

Antes de ir embora com as sacolas, o entregador Souza reforça a tese do diretor.

“É uma coisa ruim, dá revolta. Mas recebo vários desses vídeos pelo celular e sempre assisto”.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.