B.B. King morre aos 89 anos em Las Vegas
O "Rei do Blues" tinha diabetes tipo 2 e, após ficar alguns dias hospitalizado, recebia cuidados médicos em casa
Aos 89 anos, B.B. King morreu na madrugada desta sexta (15), em Las Vegas, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada pelo advogado do músico, que inspirou outros guitarristas lendários, como Eric Clapton. Com diabetes tipo 2, o “Rei do Blues” foi hospitalizado para tratar de uma desidratação em abril. Entretanto, atualmente recebia cuidados médicos em sua casa.
Em seu perfil no Facebook, Eric Clapton publicou um vídeo para homenagear B.B. King. “Eu gostaria de expressar minha tristeza e dizer obrigado. Obrigado pela inspiração e encorajamento”, disse o guitarrista.
Filho de Nora Ella Farr e Albert King (não confundir com o músico de mesmo nome), Riley B. King nasceu em uma comunidade de Berclair, no estado norte-americano do Mississipi, perto da cidade de Indianola, em 16 de setembro de 1925. Quando ele tinha 4 anos, o pai deixou a família e a mãe se casou com outro homem, o que fez com que o garoto fosse criado pela avó materna, Elnora Fazz, em Kilmichael, também no Mississipi.
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Quando criança, King cantava no coral da Igreja Batista Elkhorn, onde foi influenciado a tocar violão pelo reverendo da congregação, Archie Fair. Ali também formou um grupo de música gospel, que se chamou Elkhorn Jubilee Singers. A música country, assim como Charlie Christian, Lonnie Johson e Django Reinhardt, que ele ouvia na vitrola de uma tia, também foram fundamentais na formação musical do garoto.
Em 1940, quando King tinha 14 anos, Elnora faleceu e o adolescente foi morar com o pai em Lexington, no Kentucky, voltando para Kilmichael dois anos mais tarde. Em 1943, deixou à cidade novamente e foi trabalhar como motorista de trator em Indianola, cidade onde também tocava guitarra com o Famous St. John’s Quartet.
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A primeira estadia em Memphis, no Tennessee, berço do blues, durou dez meses e começou em 1946. Aconteceu quando ele já estava casado com a primeira esposa, Martha Denton, depois de quebrar o trator de seu patrão e fugir de Indianola para não ter de pagá-lo. Em Memphis, procurou seu primo, Bukka White, que já era um nome conhecido do blues na cidade e se tornaria seu mentor no gênero a partir de então.
King voltou para Indianola para buscar a esposa em 1947 e, depois de um ano trabalhando novamente como motorista de tratores, carregador e tocando guitarra, acumulou o suficiente para pagar a dívida e definitivamente deixar a cidade. Foi então que voltou para Memphis, decidido a viver de música.
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O início do sucesso começou quando ele tocou no programa de rádio de Sonny Boy Williamson. Os ouvintes, conquistados, enviaram vários pedidos clamando para que o músico voltasse à programação. Precisando de um nome mais atraente, ele foi apelidado de Beale Street Blues Boy King, mais tarde abreviado para Blues Boy King e, por fim. B.B.King.
Contratado da RPM Records, King passou a gravar a partir de 1949. Muitos dos registros daquela época foram produzidos por Sam Phillips, que mais tarde fundaria a Sun Records, a primeira gravadora de Elvis Presley, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis e Carl Perkins.
Naquele mesmo ano, enquanto tocava em uma casa do Arkansas, uma briga acabou derrubando um dos aquecedores alimentados por querosene e iniciando um incêndio no local. Depois de a casa ser toda evacuada, King se lembrou de que havia deixado a guitarra dentro do lugar e voltou para buscá-la. Uma vez recuperada, ela foi batizada de “Lucille”, já que a briga do dia anterior havia sido motivada por uma mulher que assim se chamava. Serviria como um lembrete para que King nunca mais fizesse nenhuma idiotice, como entrar em uma casa em chamas – ou brigar por causa de uma mulher.
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Sua versão para Three O’ Clock Blues atingiu o terceiro lugar das paradas de R&B nos Estados Unidos em 1951, a partir de quando começou a se apresentar por todo o país e passou a enfileirar outros hits do gênero, como Woke Up This Morning e Whole Lotta Love. Em 1962, assinou com a ABC-Paramount Records, mais tarde adquirida pela MCA Records e, em 2003, comprada pela Geffen Records, que seguiu sendo a sua gravadora até o fim da vida.
King abriu algumas apresentações dos Rolling Stones em 1969 e, no ano seguinte, a canção The Thrill Is Gone, versão para o blues de Roy Hawkins, lhe angariou um Grammy. Em 1980, entrou para o Hall da Fama do Blues e, sete anos mais tarde, para o Hall da Fama do Rock. Ele também participou da música When Loves Comes to Town, presente no disco Rattle and Hum (1988), do U2, banda que mostrava fascínio pelas raízes da música americana naquele período.
Em 1998, participou do filme The Blues Brothers 2000, junto à Dr. John, Bo Diddley e Eric Clapton. Também fez parceria com Clapton na música Riding With The King, disco que os dois lançaram em 2000.
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Ao longo da carreira, o músico ficou famoso pelas incansáveis e numerosas apresentações que realizava pelo mundo, algo em torno de 250 shows por ano. King foi casado duas vezes, primeiro com Martha Denton (1946-1952), depois com Sue Carol Hall (1958-1966). O músico teve 15 filhos com diferentes mulheres e 50 netos.