Bares de São Paulo apostam no jazz para atrair público
Riveira e eStônia estão na lista daqueles que fogem como o diabo da cruz de endereços com MPB ao vivo
O bom e velho jazz é a aposta de endereços descolados para atrair o público acima de 30 anos que já perdeu aquele gás para chacoalhar na pista de dança e foge como o diabo da cruz dos bares com MPB ao vivo ao estilo banquinho e violão mas não perde a esperança de encontrar música decente para ouvir na noite. O eStônia, bar que fica no subsolo do restaurante Ramona, na República, oferece um bom cardápio aos ouvidos sensíveis. Ali, às terças, pontualmente às 21 horas, o trio Faria e Szafran interpreta As Time Goes By, de Louis Armstrong, e My Funny Valentine, de Chet Baker, entre outros standards.
Para conseguir uma mesa, ou mesmo um espaço no apertado balcão, é preciso chegar cedo — os fregueses só arredam pé do porão por volta das 23 horas, quando soam os últimos acordes. “Estou impressionada com a quantidade de instrumentistas que passaram a me procurar desde que inauguramos a temporada”, afirma Camila Riccelli, curadora e sócia do estabelecimento. “É muito mais fácil encontrar bons projetos desse estilo do que para as festas de rock que mantínhamos no Alberta #3”, diz ela, em referência ao bar vizinho, dos mesmos donos, fechado há um mês.
Igualmente concorridas são as noites de sexta do Riviera, na Consolação, quando se apresenta a Riviera Jazz Band, criada especialmente para relembrar canções de décadas passadas. “Recebemos as pessoas que curtiammúsica eletrônica quando eram adolescentesmas preferem hoje outra coisa”, afirma o empresário Facundo Guerra, um dos proprietários. Assim como ele, que se tornou conhecido na cena noturna à frente de boates como o Lions, no centro, ou o extinto Vegas, na Rua Augusta, outros promoters estão aderindo a esses acordes. Guigo Lima, responsável pelo Chocolate, famoso encontro semanal de hip-hop no clube Clash, Daniel Tamenpi e Alex Trusty lançaram em setembro a Jazzy.
Para conhecê-la, no entanto, é precisoter mais de 30 anos (“menores” não entram) e cair nas graças do trio, que só divulga o local horas antes da noitada — as três primeiras foram no Studio Dama, em Pinheiros. Tudo isso, segundo eles, para manter a atmosfera intimista e clandestina de quando o gênero surgiu, no início do século XX. Em 3 de maio, o trio dará uma aliviada nas regras restritas para promover uma versão da balada no Red Bull Station, espaço alternativo de shows na Praça da Bandeira.
Os caminhosdo bop
Lugares com uma boa programação musical
Quando: às terças, 21h
Onde: Av. São Luís, 282, República
Couvert artístico: R$ 9,00
Jazzy
Quando: 3/5, às 17h
Onde: Red Bull Station
(Pça. da Bandeira, 137, centro)
Ingressos: de R$ 10,00 a R$ 40,00
Quando: às sextas, 21h30
Onde: Av. Paulista, 2584, Consolação
Couvert artístico: R$ 35,00