Atores disputam papéis do musical Cinderella
Cerca de 3 000 pessoas se inscreveram para tentar uma vaga no espetáculo baseado no lendário conto de fadas, que traz músicas e texto da montagem da Broadway
Entre segunda e quarta-feira da semana passada, 300 atrizes e atores passaram por uma pequena sala nos bastidores do Teatro Alfa, na Zona Sul. Ao cruzar a porta, cada um deles dava de cara com uma banca de dez profissionais acomodados atrás de uma grande mesa, liderados pelo diretor Ernesto Piccolo.
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Os candidatos cantavam por cerca de cinco minutos e retiravam- se, e então começavam os comentários entre os avaliadores encarregados de escolher os donos dos 27 papéis do musical Cinderella (com dois “l”, à moda internacional), incluindo, é claro, o casal protagonista do famoso conto de fadas. O processo de seleção vai até o fim deste mês. Os ensaios têm início em dezembro e a estreia está prevista para 26 de fevereiro, no próprio Alfa.
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Raphaela Carvalho e Renata Borges, donas do projeto, obtiveram autorização do Ministério da Cultura para captar 15,7 milhões de reais pela Lei Rouanet (calculam ter arrecadado 70%). A temporada deve durar ao menos três meses em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro. Nas audições, o trabalho maior é para definir os talentos principais da peça. “É bem difícil encontrar a princesa”, afirma o diretor. “Ela precisa ter brilho próprio, carisma, corpo bom, cabelo bonito e, óbvio, cantar, dançar e atuar bem”, enumera Piccolo.
O texto e a partitura foram comprados do show homônimo da Broadway pelas produtoras, que relatam gasto de cerca de 1 milhão de reais do próprio bolso com essa e outras despesas. “Todo o resto vamos fazer com profissionais brasileiros”, diz Renata. “Achei o cenário de Nova York muito pobrinho”, explica Raphaela. “O nosso será mais bonito.” A direção musical fica a cargo do maestro Jaques Morelenbaum, os figurinos, de Fause Haten, e o cenário, de Clivia Cohen.
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Nada funcionará, claro, sem que se encontrem a Cinderela e o príncipe certos. Os responsáveis pelo espetáculo receberam 3 000 vídeos. Desse total, chamaram 530 pessoas para as audições, divididas entre São Paulo e Rio de Janeiro.
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A candidata Letícia Navas, de 20 anos, era um dos rostos conhecidos na disputa na capital. Apresentou o infantil TV Globinho e atuou em Chiquititas, no SBT. “Estava em Fernando de Noronha e voltei correndo quando fui chamada para os testes”, conta. A exemplo de boa parte dos aspirantes, ela tem no filme High School Musical uma referência na área. “Estou me preparando em cursos de dança desde que soube do espetáculo, há cerca de um ano.”
As inscrições não correspondem a papéis específicos. Camila Brandão, de 18 anos, acredita que leva mais jeito para ser uma das irmãs malvadas da protagonista, pelo volumoso cabelo cacheado. Tiago Barbosa, 30, um dos destaques de O Rei Leão no papel de Simba, esperava romper os estereótipos do conto de fadas. “Seria um incrível precedente escolherem um negro como príncipe em um clássico assim”, afirma. Barbosa está entre os favoritos para compor o elenco de Cinderella, mas nos bastidores comenta-se que poderá ficar com outro personagem.
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Marcelo Ferrari, que passou por musicais como Cazuza, também sonha com o principal papel masculino. Foi considerado um dos favoritos, apesar da estatura mediana. Esse vestibular artístico por pouco não ganhou emoção extra. A produção chegou a negociar com o programa Domingão do Faustão para transformar a última etapa do processo em um quadro, mas a ideia não vingou. Quem não virar abóbora até o final será bem recompensado: os salários podem chegar a 30 000 reais por mês.