Onde encontrar obras de qualidade com preços mais acessíveis
Cresce na capital o número de galerias e serviços especializados em vender edições de fotos, gravuras e esculturas com preços em conta
À primeira vista, o mercado de arte parece ser um dos mais proibitivos. Para comprar, é preciso estar disposto a investir muitos dígitos e desbravar o nem sempre convidativo ambiente das galerias tradicionais, onde quase nunca há etiquetas de preço e pechinchar é algo fora de cogitação. O crescente interesse do paulistano por esse universo, porém, vem dando força a uma nova corrente: os espaços que oferecem edições múltiplas de uma obra por um valor mais atraente.
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A ideia de reproduzir uma criação em quantidades limitadas não é nova. O mesmo Marcel Duchamp que, em 1917, chocou o mundo ao levar um mictório para dentro de um museu fez, entre 1935 e 1941, uma série de 300 caixas exatamente iguais com 69 miniaturas dos seus trabalhos. Elas venderam como água e são, até hoje, muito cobiçadas.
Arrematar algo com a assinatura do mestre do dadaísmo, ainda que seja uma peça múltipla, pode estar fora do alcance, o.k. Mas há, na cidade, outras portas de entrada bem acessíveis para esse território. A mais recente iniciativa do gênero para quem gosta de fotografia, por exemplo, é a Artshot, galeria inaugurada no último dia 12 dentro do MorumbiShopping.
No total, 1 000 imagens de 72 profissionais são vendidas por valores a partir de 195 reais. Não se trata de uma loja de pôsteres genéricos, como a rede popular Moldura Minuto. “A diferença é principalmente a escolha minuciosa dos artistas e das imagens”, explica Antonio Carlos Viégas Filho, proprietário de ambas as empresas.
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Numa linha ainda mais econômica, a Urban Arts é outra boa opção. As quatro lojas espalhadas por aqui imprimem desenhos de mais de 3 000 artistas em papel, tela e tecido por preços a partir de 79 reais. Os chamados prints têm uma tiragem de 250 cópias e servem sobre tudo para decoração. “O intuito é que qualquer um possa ter o prazer de comprar”, conta o dono, André Diniz.
Na metrópole, as pioneiras no desenvolvimento desse nicho são Ana Serra e Renata Castro e Silva, da Carbono Galeria, no Jardim Paulistano. Desde 2013, profissionais consagrados, como Artur Lescher, Waltercio Caldas e Regina Silveira, vêm criando, exclusivamente para o espaço, esculturas, fotografias e gravuras que podem ter uma tiragem de dez unidades.
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As peças custam a partir de 1 200 reais, ou cerca de 10% do valor deseus trabalhos de apenas uma edição. “Multiplicamos a ideia do artista, que é o mais importante de uma obra”, afirma Renata. Os produtos do local levam a assinatura manual do criador e um certificado de autenticidade. “A aparência e o resultado formal e conceitual são idênticos em termos de qualidade e potência”, defende o escultor Felipe Cohen, que confeccionou uma peça exclusiva para o lugar, por 6 000 reais.
Para novos colecionadores, a historiadora Florence Antonio desenvolveu, em 2012, um serviço especial: o Arte Hall. Por 8 300 reais por ano (valor dividido em até dez vezes), os clientes-sócios recebem em casa, no período de doze meses, cinco trabalhos escolhidos pela curadora. O pacote de assinatura pode incluir múltiplos como o de Rosângela Rennó por 1 600 reais (cifra bem modesta perto dos 150 000 dólares cobrados por uma obra única da artista).
O circuito do “acessível da arte” tende a continuar crescendo. A partir de quarta (25), a Galeria Luisa Strina, a mais importante do país, inicia a décima edição da exposição Coleções, só com impressões de tiragem limitada. Lá, fotografias de profissionais renomados, replicadas 100 vezes, saem por 600 reais cada uma.