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Zé Carioca comemora 70 anos com novidades nas bancas

Quadrinista paulistano fala sobre o projeto que retoma os gibis do papagaio da Disney

Por Anna Carolina Oliveira
Atualizado em 5 dez 2016, 16h31 - Publicado em 7 dez 2012, 15h59

Reza a lenda que, em 1941, Walt Disney conheceu o músico José do Patrocínio Oliveira quando  estava de passagem pelo Rio de Janeiro. Os trejeitos e estilo do artista teriam servido de inspiração para a criação de um papagaio de terno, gravata borboleta, chapéu e guarda-chuva chamado José Carioca. A homenagem dos estúdios Disney também seria fruto de uma tentativa de aproximar o Brasil dos EUA na conhecida “política da boa vizinhança” em meio a um conflito que dividia o mundo, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Fato é que Zé Carioca (para os íntimos) é fruto de uma pesquisa que os desenhistas da Disney faziam pela América do Sul. O personagem apareceu pela primeira vez em uma produção do pai do Mickey em 1942, com Alô, Amigos. O filme (assista ao trecho abaixo) mostra o surgimento do papagaio — uma caricatura do brasileiro — na última parte, intitulada Aquarela do Brasil. Na história, a ave apresenta a cachaça, o samba e outras particularidades do país para o Pato Donald.

Em 1945, mais duas criações com inspiração latino-americana surgiram na animação Você Já Foi à Bahia?: o galo mexicano Panchito Pistoles e o menino argentino Gauchinho Voador. Mas nenhum desses “amigos” — inclusive Zé — fez muito sucesso no território americano. As tirinhas dominicais do papagaio, por exemplo, só foram publicadas em jornais dos Estados Unidos de 1942 a 1944.

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Quem resgatou o desenho foi a Editora Abril, que lançou a primeira revistinha do personagem no Brasil em 1961. Uma curiosidade: até hoje colecionadores buscam a edição 1, mas o problema é que ela nunca existiu. Quando apareceu nas bancas, o gibi exibia o número 479, isso porque as publicações eram alternadas com as da revista do Pato Donald, primeiro produto da editora.

Restauradas e divididas em dois volumes, essas primeiras histórias são agora republicadas em celebração aos 70 anos do “malandro brasileiro”. “Fizemos um trabalho de campo grande para reunir todo o material com o personagem”, conta Fernando Ventura, um dos quadrinistas responsáveis pelas edições comemorativas. “Ao todo, juntei 104 páginas de três colecionadores, um americano, outro brasileiro e outro dinamarquês”, diz o paulistano que levou seis meses para organizar o projeto, que incluiu tradução e colorização. Os puristas, aliás, vão gostar do resultado: foram preservadas as cores originais — terno e bico amarelos — e até alguns “deslizes” — às vezes, os tons das roupas mudavam de um quadro para outro.

Além dos volumes especiais — o primeiro foi lançado no fim de outubro e o segundo, em novembro —, Ventura revela que Zé Carioca retorna às bancas de vez em 2013. Em fevereiro, a revista passa a figurar nas prateleiras mensalmente. “Cada edição terá histórias antigas e uma inédita, feita cada vez por um artista diferente que já trabalhou com Zé Carioca”, explica ele, que também desenvolverá uma das aventuras do papagaio.

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Abaixo, confira os desenhos da tirinha inédita que estará na edição de fevereiro e outras imagens históricas:

 

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