Continua após publicidade

“Eu agora me sinto uma menina, com muita energia”, diz Vera Fischer

Atriz de 70 anos volta à cidade para temporada de peça em que interpreta um papel bem diferente do qual está acostumada, o de uma matriarca septuagenária

Por Clayton Freitas
Atualizado em 8 set 2022, 21h15 - Publicado em 8 set 2022, 21h00

Em cartaz no teatro Raul Cortez depois de um hiato de quatro anos longe dos palcos paulistanos, a atriz Vera Fischer voltou trazendo um trabalho diferente. Ela interpreta Dulce Carmona no espetáculo Quando For Mãe Eu Quero Amar Desse Jeito. Trata-se de uma matriarca septuagenária obcecada pelo filho, vivido por Mouhamed Harfouch.

No palco, Vera, 70, parece se divertir e muito com as turras que trava com a nora (Larissa Maciel). E esse não será o seu único papel de matriarca, já que estará no filme Um Natal Cheio de Graça, coestrelado por Gkay para a Netflix. No streaming, a ex-Miss Brasil diz que se despojará completamente da imagem de musa que ainda pulsa firme na memória de todos que a viram nas telas da TV durante anos. Apesar de suas visitas a São Paulo se darem geralmente a trabalho, ela diz que sempre que possível vai até a feira da Praça Benedito Calixto. Ressalta ainda a boa gastronomia da cidade, o Masp e teatros.

+Vera Fischer retorna aos palcos com comédia no Teatro Raul Cortez

Na entrevista a seguir, ela diz admirar a ocupação da Avenida Paulista aos domingos, quando a via é fechada para veículos, comenta sobre o seu lado instagrammer, explica por qual motivo só comprou o primeiro celular da vida há dois anos, seu gosto pela cultura geek, a volta ou não à TV aberta e a vernissage das suas telas em Portugal.

Como é voltar para os palcos paulistanos?

Continua após a publicidade

Eu estou muito feliz de poder fazer uma peça dessa dimensão. É uma comédia, mas com muita qualidade. São Paulo sempre foi um divisor de águas em todos os trabalhos que eu fiz, e a gente sabe muito bem que o público é muito exigente e tem muitos espetáculos em cartaz.

Qual é a sua relação com a cidade?

Quando eu fui casada com o Perry Salles (morto em 2009), nós tínhamos um apartamento aqui e trabalhávamos muito. Ultimamente eu tenho vindo muito pouco. Venho, faço um trabalho rápido e volto. Mas tem sempre uma coisa muito nova e revolucionária. A minha filha mora aqui e ela me conta coisas incríveis. Adoro o Masp e todos os domingos a Avenida Paulista tem atrações. E frequento a feira da Benedito Calixto.

A Miss Brasil de 1969 imaginou que passaria dos cinquenta anos de carreira e faria muito mais sucesso?

Continua após a publicidade

Não. Você, quando tem 20 anos, não se imagina aos 70. Eu sabia que eu ia chegar, sempre, todos os dias a algum lugar. Eu sempre fui uma pessoa que queria muito trabalhar. Porque os meus pais me deram o exemplo. Eles trabalhavam juntos em uma loja que era do meu pai. Então eu via isso e era meu grande exemplo. Trabalhar e ser bem-sucedida na vida. Eu agora me sinto uma menina, com muita energia e alegria, fazendo exatamente o que eu amo fazer e sentindo que o público ama o que eu amo fazer. Isso é maravilhoso.

Por qual motivo só comprou o primeiro celular em 2020?

Eu sempre fui contra porque eu via as pessoas grudadas no celular. E eu falava: “Meu Deus, isso é uma escravidão e eu não quero isso para mim”. Mas um pouco antes da pandemia eu fui para Nova York, e meu filho, que ainda morava comigo, falou: “Mãe, eu não quero mais essa história de você ligar dos hotéis para mim, quero saber onde você está”. Aí comprei o celular, mas eu não sabia mexer quase nada. E aí veio a pandemia, foi um tal de ficar em casa, e meu filho aos poucos foi me ensinando a mexer, sou muito curiosa e fui fuçando.Eu já tinha Instagram, mas era uma coisa que não tinha noção de como responder às pessoas e interagir. E agora eu aprendi. Faço umas selfies maravilhosas e meus fã-clubes cresceram enormemente com isso. É claro que às vezes é uma escravidão, ainda mais se você não se desliga dele.

+‘Tudo’: três fábulas morais definem nova peça de Guilherme Weber

Continua após a publicidade

Você disse já ter sofrido a ditadura da política e do assédio. Se existissem as redes sociais, teria sido diferente?

O machismo sempre existiu e vai existir. Acho que depois do Me Too as pessoas se libertaram e começaram a falar, e grandes nomes foram presos por causa de assédio. E isso tem de ser dito mesmo. Uma pessoa que sofre um abuso ou um assédio tem de falar e botar a boca no mundo sim. Todas essas coisas precisam ser denunciadas e as redes existem para ajudar nesse sentido.

Você foi até a Câmara dos Deputados defender as leis de cultura. Pretende se posicionar mais politicamente?

Em favor da cultura, sempre, com certeza. É uma luta constante, e a gente não pode fazer nada sem uma lei que nos proteja. Fazer teatro ou qualquer outra coisa com dinheiro do bolso é muito sacrificante. Então nós precisamos ter leis que nos garantam isso, e vamos lutar. O ser humano por si só é um ser político. Porém não vou falar nada para que não entendam “A” ou “B”. Mas em favor da cultura, sempre.

Continua após a publicidade

Você posta em seu Instagram referências ao universo geek. Como isso surgiu?

O meu filho é aficionado por gibis, mangás, e eu acabei lendo essas coisas. E jogava Pokémon com ele. Adoro quadrinhos, coisas de Marvel, Disney, e sou completamente apaixonada por esse universo, desde os Vingadores, os Guardiões da Galáxia. O Sandman, por exemplo, que eu acabei de ver na Netflix, é um trabalho que eu adoro. E eu já conhecia os quadrinhos.

Como será seu papel no filme Um Natal Cheio de Graça, da Netflix?

Será muito engraçado. Faço uma matriarca dessas bem tradicionais, e eu não queria ser a Vera Fischer. Daí colocaram uma peruca curta em mim, e logo no início do filme eu levo um tombo e meu nariz fica machucado (personagem) e é véspera de Natal. Então eu passo o filme inteiro com um enorme esparadrapo no nariz. É uma visão dos infernos!

Continua após a publicidade

+Aos 80, Arlete Salles retorna aos palcos paulistanos com peça em família

Pretende voltar à TV aberta?

Eu fiz novelas lindas, e duas delas foram reprisadas há pouco (Laços de Família e O Clone). São personagens opostos ao da peça. Como não estou mais sob contrato (com a Globo), não preciso fazer qualquer coisa que exigem. Se a TV me chamar para fazer um bom personagem, vou aceitar. Se não, tenho muitas outras coisas para fazer. Vamos girar mais com a peça, estão pedindo meus quadros para uma exposição em Portugal no ano que vem e temos planos para fazer uma série (streaming) bem bacana. Será também um papel que nunca fiz.

+Assine a Vejinha a partir de 9,90. 

Publicado em VEJA São Paulo de 14  de setembro de 2022, edição nº 2806

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.