Veja a cobertura completa do Planeta Terra
King of Leons, Gossip e Garbage foram algumas das principais atrações do festival de sábado (20)
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Veja porque o Planeta Terra precisa se reformular, no blog de Carol Pascoal
GOSSIP – o último show do Planeta Terra 2012
22h25-23h45
Alto: Standing in the Way of Control, claro.
Baixo: Foi um looongo caminho até o ponto alto.
Frase: “Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa”, disse Beth Ditto em português lembrando-se dos dois shows que o Gossip cancelou por aqui.
Sejamos sinceros: ao vivo, o Gossip é levado nas costas pelo carisma e pela voz de Beth Ditto, impecável mesmo depois de generosas doses de vodka e alguns cigarros. Com 10 minutos de atraso (e depois de dois shows cancelados por aqui), Beth começou a apresentação cantando o “oioioi” do Kuduro e seguiu o show inteiro distribuindo referências musicais. Cantou trechos de músicas de Madonna, Ramones e Nirvana, apresentou uma boa versão de What’s Love Got To Do With It de Tina Turner e fez pequenas gracinhas o tempo todo. Quase fez a gente esquecer que o Gossip é praticamente uma banda de um hit só: Standing in the Way of Control, que só apareceu no final do setlist, depois de um punhado de canções pouco inspiradas que infestam os discos do grupo. Heavy Cross, no bis, fechou o show e encerrou esta edição do Planeta Terra. (Diego S. Maia)
KINGS OF LEON
22h05-23h28
Alto: a banda abriu o show com a empolgante Molly’s Chambers, do primeiro e mais marcante disco do grupo.
Baixo: falta carisma e garra ao quarteto americano, que até tenta, mas não consegue incendiar a plateia.
Frase: “É muito bom voltar para cá. Nós amamos São Paulo. Este é o nosso melhor público do ano”, disse o vocalista Caleb Followill.
Com o hit Molly’s Chambers logo de cara, a banda americana Kings of Leon demonstrou que poderia fazer um show mais animado que as duas passagens anteriores pelo Brasil, em 2005 e 2010, mas o resultado final acabou sendo o mesmo: uma apresentação correta, mas sem muita garra. Com um visual barbudo e ficando careca à la Joe Cocker, o vocalista Caleb Followill até se empolgou com a plateia paulistana quando afirmou que este era o melhor público do grupo no ano, mas só os fãs de carteirinha se empolgaram com um setlist até variado e que contou com músicas como Be Somebody, Radioactive, Notion, Pyro, Knocked Up e Four Kicks, mas não tem jeito, o quarteto do Tennessee carece de carisma. No final a apresentação do Kings of Leon, que terminou em alta como começou, com sua música mais conhecida, Sex on Fire, teve um recheio um tanto insosso, como um prato lindamente apresentado, mas que faltou tempero. Um pecado para uma banda do sul dos Estados Unidos, uma região onde a pimenta é tão apreciada nos pratos e no som. O bis com The Bucket, Manhattan, Use Somebody e Black Thumbnail só serviu como uma sobremesa desnecessária. (Rafael Argemon)
GARBAGE
20h25-21h32
Alto: no final, quando cantou I’m only happy when it rains. Mesmo quando erra a letra, Shirley Manson não perde a pose e faz todo o público fazer coro com ela.
Baixo: as músicas do disco novo.
Frase: “Estar em uma banda é ótimo, porque você tem a oportunidade de conhecer bandas que ama. Então, se você tiver a miníma vontade que seja de viajar o mundo, conhecer culturas diferentes e ter os melhores dias da sua vida, comece uma banda amanhã de manhã”, disse Shirley Manson antes de tocar Hammering.
Butch Vig, Steve Marker e Duke Erickson são os primeiros a entrar, fazendo reverências ao público. Já posicionados, entra Shirley que puxa Automatic Systematic Habit, em seguida, Paranoid e Shut Your Mouth, até agradecer em português o público de São Paulo. Depois, seguiu com sucessos como Queer, Stupid Girl e Chery Lips, Até mesmo Vig desceu da bateria para comentar sobre estar em São Paulo depois de tanto tempo, mencionando seu cunhado que morou por aqui e diz adorar as comidas, as mulheres e o vinho brasileiro. Para finalizar, Shirley e companhia fecharam com I’m only happy when it rains, que mesmo com o tropeço da vocalista com a letra, levantou os fãs mais antigos da banda. Bem humorada, a vocalista quase não se conteve, mas segurou o riso até o fim da música. (Juliene Moretti)
THE DRUMS
20H45-21h48
Alto: as dancinhas do vocalista Jonathan Pierce.
Baixo: o indie rock dos nova-iorquinos soa minúsculo em grandes espaços como o Jockey Club.
Frase: “Esta música é para todos os homossexuais que estão aí”, disse Jonathan, ao apresentar If He Likes It, Let Him Do It.
A concorrência parecia, no mínimo, desleal. De um lado, no Main Stage, o Garbage se preparava para usar uma de suas fichas mais valiosas – o hit Stupid Girl. De outro, no Indie Stage, o quarteto The Drums começava a se apresentar para uma plateia minguada, parte dela formada por fãs da atração seguinte, o Gossip. Ainda assim, o The Drums encarou o desafio de criar um clima animadinho de balada indie dentro do Planeta Terra. Impossível ignorar o descompasso: a sonoridade do grupo soa tímida em espaços amplos como o Jockey Club. Por consequência, só prendeu a atenção da fila do gargarejo. O vocalista tentou compensar essa limitação com dancinhas divertidas e bom humor. “Esta música é para todas as pessoas doidas”, ele disse, ao apresentar I Need a Doctor. De vez em quando, até conseguiu quebrar a apatia de um público que, aparentemente, estava numa frequência muito diferente da dele. (Tiago Faria)
AZEALIA BANKS
19h30 – 19h55
Alto: o visual e o vozeirão da futura diva do rap.
Baixo: a interrupção do som durante o show.
Frase: “A mocinha é verborrágica, o show inteiro merece ser ‘analisado’”.
Às 19h15, horário prometido para começar o show de Azealia Banks, um DJ subiu ao palco e disse que ia tocar por dez minutos. Foram 15. Quando finalmente Azealia pisou no Indie Stage, parecia que uma sereia negra e linda tinha chegado ao Jockey Club. Azaelia vestia um short azul, um top radiante e do alto da sua cabeça desciam longas mechas vermelhas. Uma imagem que fez todo mundo lembrar de Rihanna. Os passos de dança provocativos e a voz poderosa também lembravam a diva de alguma maneira. Mas Azealia não é uma cantora de romances ou de baladas das rádios. A menina é da rua, e deixa claro isso nas primeiras e carregadas frases de Jumanji. O show foi curto, até porque a moça não coleciona muitas músicas na carreira (disco mesmo, aquele com gravadora e lançamento, ainda nem tem). Na última música, a melhor e mais conhecida do público, 202, enquanto todos alternavam entre pular e rebolar, o som sumiu por completo. Mas ninguem avisou para Azealia, e ela continou animando o público, que no momento em que o som voltou (a interrupção demorou alguns segundos), correspondeu à animação da pequena Ariel das ruas. (Milena Emilião)
SUEDE
18h25 – 19h30
Alto: a banda deu preferência para seus primeiros três discos: Suede, Dog Man Star e Coming Up.
Baixo: mesmo com bastante presença de palco, o vocalista Brett Anderson não se comunicou com o público.
Frase? Anderson disse um “Oi, São Paulo”, um “Obrigado” e só.
À medida que o público aumentava em quantidade, sua faixa etária também crescia proporcionalmente. Isso porque a banda britânica capitaneada pelo vocalista Brett Anderson — que, diga-se de passagem, não mudou quase nada fisicamente desde a época em que o grupo estava no auge — fez um show propositalmente nostálgico. Ele deu preferência aos grandes sucessos de seus primeiros três discos: Suede (1993), Dog Man Star (1994) e Coming Up (1997).
Pela primeira vez diante da banda em solo brasileiro, a plateia montrou-se animada logo na abertura, com a música, She, do terceiro álbum. Em seguida, vieram canções como Film Star (também de Coming Up), We Are The Pigs e The Wild Ones (do segundo disco), So Young e The Downers (do primeiro).
Mesmo sem trocar mais do que um “oi, São Paulo” e apenas um “obrigado”, Brett manteve o público animado, cantando e batendo palmas junto com o ritmo da banda, e terminou a apresentação pulando ao som de um dos maiores sucessos comerciais do grupo: Beautiful Ones. Não foi um show inesquecível para todos, mas os fãs na casa de seus trinta e poucos anos saíram bem satisfeitos. (Rafael Argemon)
THE MACCABEES
17H45 – 18H38
Alto: as músicas mais agitadas, que lembram Bloc Party.
Baixo: as músicas mais lentinhas, que lembram Coldplay.
Frase: “Essa música se chama Heave”, anunciou Orlando Weeks, em português.
Do disco de estreia, Colour it In (de 2007), ao recente Given to the Wild, o grupo inglês deixou o nicho indie para defender uma sonoridade mais grandiosa, sob medida para festivais de rock. No Indie Stage, o sexteto comprovou essa transformação com um show que deixou sutilezas de lado para apostar na pompa de canções como Go e Pelican, com pinta de hinos de arena. O público ficou entre o entusiasmo e a indiferença — alguns aproveitaram para treinar malabares ou descansar no gramado enquanto o Suede não entrava no Main Stage. O vocalista Orlando Weeks, que manteve o topete impecável até o fim da apresentação, chegou a arriscar uma frase em português. Não parece ter conquistado, porém, novos adeptos do rock esforçado — mas apenas correto — do Maccabees. (Tiago Faria)
BEST COAST
16h44 – 17h37
Alto: no palco, o som da banda ganha um peso extra que faz toda a diferença
Baixo: sem surpresas, o repertório teve momentos de marasmo
Frase: “O sol está saindo, este é o nosso presente pra vocês!”, festejou a vocalista Bethanty Cosentino
A dupla indie californiana subiu ao palco do Indie Stage em figurino sóbrio: pretinho básico. O visual monocromático veio a calhar, já que combinou perfeitamente com o tempo nublado deste sábado. Mas pareceu destoar da sonoridade do grupo, que mistura surf music, rock alternativo dos anos 90 e pop sessentista. No palco, a vocalista e guitarrista Bethany Cosentino e o guitarrista Bobb Bruno ganham a companhia de dois músicos (um baixista e um baterista) e peso extra em músicas como The Only Place e Boyfriend. Simpática, Bethany até aceitou o pedido de casamento de um fã empolgado. “Casar com você? Vou sim, agora! Vou casar com todos os brasileiros”, prometeu. Quando o sol finalmente saiu, ela fez as vezes de garota do tempo e estranhou o clima de São Paulo. “Estava tão frio, agora está tão quente”, comentou. Apesar de um ou outro momento de marasmo, o que se viu foi um show caloroso. (Tiago Faria)
LITTLE BOOTS
16h24-17h15
Alto: apesar de serem apenas duas pessoas no palco, a vocalista Victoria Christina Hesketh agitou o público no primeiro show internacional do dia.
Baixo: o show eletrônico não combina com claridade.
Frases: “I wanna see you shaking” e a resposta do público “Shake you!”.
Little Boots entrou com quase dez minutos de atraso no palco, deixando o Jockey em silêncio por um tempo, já que no Main Stage não havia ninguém tocando ainda. Com um vestido superbrilhoso e saltos loiríssimos, a inglesa Victoria Christina Hesketh fez o que pode para levantar o público com um show eletrônico à luz do dia. E conseguiu logo na primeira música, Stuck On Repeat, do disco Hands. Simpática, a loirinha dançou, rodou, pulou e disse que queria ir pra chuva com o público. Não foi, mas teve sorte porque antes da última música, Shake, o sol deu uma pequena esperança de que ia aparecer. E lá se foi o público a dançar sem as capas de chuva. Pelo menos por enquanto. (Milena Emilião)
TEMPO
15h59
Ufa, a chuva parou.
MALLU MAGALHAES
15h15 – 16h
Alto: a dancinha tímida-sensual em Me Gustas Tu, de Mano Chao Ponto.
Baixo: o som não ajudou nem um pouco. O show do outro palco invadia os ouvidos do público.
Frase: “Agora que acabou o choro, se preparem”.
Mallu não é mais uma menina faz tempo, todo mundo sabe, mas quando ela está no palco, o jeito tímido e agradecido de lidar com o público ainda faz todo mundo soltar um “aaaaahh, que fofa” quando ela aparece. O repertório de Pitanga é que faz todos lembrarem que ela já é uma mulher (e apaixonada). Mallu não tem vergonha de dizer no palco “quero tirar sua roupa”, em Sambinha Bom. O começo do show foi difícil, muita chuva, pouco público (apesar de bem receptivo) e o som dos instrumentos desregulados. Foi preciso interromper a execução de Ô, Ana, apenas a segunda música do show. Com coragem, ela ajeitou os instrumentos e recomeçou. Lágrimas caíram dos seus olhos e deixaram a maquiagem da pequena com uma ar tão dramático que emocionou quem reparou. Na coxia, Marcelo Camelo, o muso de Mallu, assistia a tudo de bolsa, paletó e crachá. (Milena Emilião)
BANDA UÓ
15h03-15h45
Alto: medley com músicas como Gangnam Style e We Found Love, de Rihanna.
Baixo: poderia ter sido ainda mais animado se o horário escolhido fosse pela noite, para dar um clima de balada.
Frase: “Quem já levou chifre aqui?”, pergunta o vocalista, Davi Sabbag.
A chuva apertou bem no início do show e, mesmo com Mallu Magalhães no palco principal, a Banda Uó conseguiu reunir mais de 200 pessoas, devidamente vestidas com capas de chuva – que dançaram e pularam em praticamente todas as músicas – até quem não conhecia as letras – em especial nas músicas Gosto do Perfume, Cowboy e no fim, Shake de Amor, quando o público ensaiavam passinhos como as da coreografia dos integrantes no palco. (Juliene Moretti)
TEMPO
14h45
A chuva começou fina, sem atrapalhar, mas piorou no final da apresentação do Madrid. O público, preparado, sacou as capas de chuva assim que os primeiros pingos começaram. Funcionários do festival vendem o item a 10 reais dentro do Jockey. Fora, é possível encontrar por 5. O gramado do centro da pista do Jockey dá sinais de que não vai aguentar muito. Vem lama por aí.
MADRID
13h51-14h31
Alto: o visual dramático de Marina Vello.
Baixo: a chuvinha fina que caiu no Jockey.
Frases: em um dos momentos mais divertidos, Marina, arrumando o cabelo preso à tinta que imitava sangue em seu pescoço, diz: “Sangue gruda, né?”. Adriano responde: “Eu não te bato da próxima vez”.
Abrir festival é sempre uma tarefa inglória, mas o Madrid se saiu bem. A chuva fininha que caiu durante o show irritou, mas também ajudou na ambientação da apresentação de Adriano Cintra (ex-CSS) e Marina Vello (ex-Bonde do Rolê). Marina parecia saída de um cabaré após um espancamento: tinta imitando sangue cobria o pescoço e a testa da cantora. O tom grave e teatral do disco de estreia soa como uma piada engraçadinha ao vivo. Tocando sem banda (Adriano se virava entre teclado e programação enquanto Marina assumia a guitarra), a dupla executou músicas como Till Things Fall Apart, Sad Song e Home equilibrando-se bem entre o chiste e o drama – pendendo mais para o primeiro. Teve até espaço para I Fly, música do CSS, ex-banda de Adriano. (Diego S. Maia)