Três perguntas para Marco Nanini
O ator estreia <em>A Arte e a Maneira de Abordar Seu Chefe para Pedir um Aumento</em> no Sesc Vila Mariana
Você está no palco em uma montagem despojada. Fica mais difícil compor o personagem sem o auxílio de um figurino característico, por exemplo? Não fica tão difícil porque assumo a personalidade de um palestrante. Então, esse homem é o terno, a gravata e o jeito repetitivo de falar. Eu tinha interesse nesse texto fazia mais de uma década. Montei sem maiores ambições para apresentar no Galpão Gamboa, um centro cultural que mantenho no Rio de Janeiro. Se não rolasse um interesse maior, o projeto pararia por ali e não me frustraria. Pensei nesse monólogo como um exercício de interpretação, a possibilidade de fazer algo diferente e que só dependesse de mim.
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Para um ator como você, o desafio só aparece no palco? No teatro eu recarrego minhas comportas. Consigo ser dono do meu nariz, fazer o que quero. O resto é indústria. Esse texto não tem pontuação, possui muita repetição de palavras e revela-se desafiador mesmo. Por outro lado, estar sozinho em cena também cria solidão e pode fcar chato. Eu sou o tipo de ator que gosta do bate-bola com o colega.
Em um monólogo cômico você entra em cena mais disposto ao improviso? Eu não gosto da improvisação. Costumo ficar constrangido quando me pego recorrendo a isso. Eu só interfiro no texto se tenho uma ideia que considero muito interessante. O que gosto no teatro é do exercício da repetição. Trata-se de uma arte solene e coletiva. O ator precisa respeitar o autor. Foi com base naquele texto que o diretor criou a encenação, que o iluminador desenhou a luz, que seu colega vai entender a hora da próxima fala…