Três perguntas para Esther Góes
A atriz reestreia o monólogo <em>Determinadas Pessoas – Weigel</em>, em que interpreta a mulher do dramaturgo alemão Bertolt Brecht
Além da profissão de atriz, existem afinidades entre você e Helene Weigel? Essa mulher é muito maior e melhor do que eu. Montei várias peças de Brecht na minha carreira, e Helene Weigel sempre aparecia como sua grande intérprete e também parceira artística, segura e destemida. Claro que as crenças da minha geração mudaram, especialmente em relação ao socialismo, mas queria uma personagem que tivesse um norte e fugisse do superficial.
Surge uma insegurança diante de um papel assim? Claro, Helene me deu medo. Para ela, tudo era levado até as últimas consequências. Lá atrás, durante os ensaios, eu falei para o Ariel Borghi, meu filho e também diretor, que talvez não conseguisse fazê-la. Mas de repente eu me aprofundo na pesquisa e descubro seu lado humano, todos os trancos enfrentados, tudo ao que ela não cedeu e como foi ousado o seu amor por Brecht. A aproximação pareceu mais possível.
A mensagem do texto ainda é sua grande preocupação como atriz? O meu tempo hoje significa muito; então, se encaro um trabalho, ele vem cercado de enorme exigência. Prefiro ir mais fundo nos grandes dramaturgos, como Shakespeare ou Harold Pinter, a fazer uma peça leve. Um belo dia, posso vir a montar uma comédia de lascar, algo que nunca fiz, mas em princípio eu me preocupo com conteúdo forte e novas leituras.