Teatro Oficina dá continuidade a projeto de Zé Celso e encena Nelson Rodrigues
'Senhora dos Afogados', no Sesc Pompeia, tem direção de Monique Gardenberg e aborda temas como incesto, assassinato e loucura

O dramaturgo Zé Celso (1937-2023), criador do Teatro Oficina, era profundo apreciador da obra teatral de Nelson Rodrigues, em especial, “Senhora dos Afogados”. Desde a década de 1980, ele nutria o desejo de dirigir a peça, mas balançava diante da perfeição dos textos do escritor, que deixava pouco espaço à criatividade do diretor. Em 2023, porém, decidiu levar o projeto adiante, que acabou interrompido pela sua morte, em 6 de julho daquele ano. Viúvo de Zé Celso, e “herdeiro” do Oficina, Marcelo Drummond escalou a diretora Monique Gardenberg, amiga e parceira profissional de longa-data, para realizá-lo.
Em cartaz até 11 de maio no Sesc Pompeia, a montagem traz de volta à companhia atrizes como Leona Cavalli, Giulia Gam, Regina Braga — primeiro nome pensado por Zé — Cristina Muttarelli e as irmãs Michele e Muriel Matalon. Elas se juntam ao elenco de 23 atores, incluindo Lara Tremouroux e Kael Studart nos papeis dos irmãos Moema e Paulo, e quatro músicos que dão vida à história da família Drummond.
Numa casa à beira-mar, eles vivem uma relação complexa envolvendo tragédias, como o afogamento de duas filhas, e desejos reprimidos. incesto, assassinato e loucura são temas abordados na trama, que tem como figura central o patriarca, Misael (Marcelo Drummond), um juiz na iminência de se tornar ministro. ao seu redor, orbitam personagens ligadas ao desejo, à culpa e à morte. em tempo: depois de encerrar temporada no Sesc Pompeia, a peça migra para o Teatro Oficina, a partir do dia 30 de maio, onde fica em cartaz até julho.
Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia, 3871-7700 → Ter. a sáb., 20h. Dom. (e feriado 1º/5), 18h. Sessão extra: 10/5, 16h. R$ 21,00 a R$ 70,00. Até 11/5. sescsp.org.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 2 de maio de 2025, edição nº2942