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Tapeçarias de Roberto Burle Marx ganham destaque em primeiro livro sobre o tema

Paisagista produziu mais de 30 peças, incluindo para o Itamaraty e o Congresso Nacional, que foi vandalizada nos ataques de 8 de janeiro

Por Ana Mércia Brandão
4 nov 2024, 10h00
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Tapeçaria do Congresso Nacional, feita em 1973 e danificada no 8 de janeiro de 2023 (Ricardo Movits/Divulgação)
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Um lado menos conhecido da produção artística de Roberto Burle Marx (1909-1994) é revelado em Burle Marx Tapeceiro, que chega às livrarias no dia 9 de novembro e está disponível para pré-venda no site da Luste Editores. O arquiteto e historiador Guilherme Mazza Dourado fez um verdadeiro trabalho de investigação em jornais e cartas da época para montar o primeiro estudo dedicado unicamente às quatro décadas de produção de tapeçaria do renomado paisagista, pintor e artista visual. “O Burle Marx foi um dos pioneiros da tapeçaria moderna brasileira”, diz o pesquisador, que já escreveu outros dois livros sobre o modernista.

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O paisagista e artista visual Roberto Burle Marx (Lula Rodrigues/Veja SP)

Um capítulo é dedicado às peças expostas em Brasília. A maior delas adorna o salão de banquetes do Palácio do Itamaraty. Produzida entre 1965 e 1967, é composta de cinco módulos e possui 4,2 metros de altura por mais de 20 metros de largura. Outro destaque, a peça encomendada em 1973 para o Salão Negro do Congresso Nacional foi uma das vítimas dos ataques de vandalismo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 8 de janeiro de 2023, e só retornou ao seu lugar, recuperada, no fim do mesmo ano. “Ela foi arrancada da parede, rasgada na parte de baixo em um trecho de 20 centímetros, suja de urina e de pó químico de extintores de incêndio”, lamenta Guilherme, que detalha no livro o processo de restauro.

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Tapeçaria do Itamaraty, feita entre 1965 e 1967 (Cesar Barreto/Divulgação)

Mais de trinta tapeçarias de Burle Marx foram identificadas pelo pesquisador, a maior parte em coleções particulares no Brasil, Estados Unidos e Europa, duas no Instituto de Arte de Chicago e uma no Centro Cívico de Santo André. A primeira criação, de 1954, foi encomenda do empresário Ernesto Waller. Produzida no pioneiro polo de ateliês de tapeçarias de Aubusson, na França, por onde passaram nomes como Pablo Picasso (1881- 1973) e Alexander Calder (1898- 1976), a peça está desaparecida e pode ser vista no livro em reproduções de páginas de jornal da época.

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Tapeçaria de 1968, encomenda da filha do arquiteto Rino Levi, Barbara Levi (Enzo Ragazzini/Divulgação)

Além de retratar as obras em coleções particulares ao redor do mundo, a publicação traz imagens dos esboços de Burle Marx para as peças. A maioria delas ganhou vida na ITM (Indústria de Trabalhos Manuais), de Clemente Gomes, em São José dos Campos. “Uma particularidade é que eles faziam o tingimento das lãs naturais, então, se não havia no catálogo as cores que o Burle Marx queria usar, a ITM produzia, algo sem precedentes no Brasil”, afirma Guilherme. Com o fim da ITM, a produção de Burle Marx nesta arte também se encerraria, em 1989, cinco anos antes de seu falecimento. O desejo do autor para o futuro é que elas ganhem uma exposição. “As pessoas precisam conhecê-las ao vivo.”

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Guilherme Mazza Dourado: trabalho de investigação (Clovis França/Divulgação)
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Publicado em VEJA São Paulo de 1 de novembro de 2024, edição nº 2917.

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