Ana Moser: uma sacada social
A ex-jogadora oferece novas perspectivas a jovens de baixa renda por meio do esporte
Nos tempos em que jogava vôlei, Ana Moser destacou-se como uma das melhores atacantes do mundo e era uma das estrelas da seleção brasileira que conquistou a medalha de bronze nos Jogos de Atlanta, em 1996. Cinco anos depois, já aposentada das quadras, ela decidiu levar novas perspectivas a jovens de baixa renda da cidade com a criação do Instituto Esporte & Educação (IEE), na Zona Sul. Dezenas de modalidades são ministradas duas vezes por semana por sessenta professores fora do horário da escola a grupos de estudantes de todas as idades. As atividades começam e terminam sempre com uma roda de conversa. Se o assunto é ginástica artística, são discutidas não só as técnicas, mas também os valores que fizeram atletas como Daiane dos Santos chegar até uma Olimpíada.
O projeto beneficia atualmente cerca de 3.000 jovens na metrópole. “Virei gente por causa do esporte e quero permitir essa transformação a outras pessoas”, afirma Ana, hoje com 44 anos. Ela costuma trabalhar doze horas por dia no IEE. Cerca de 80% da receita para manter a entidade vem da lei de incentivo ao esporte, que direciona 1% do imposto de renda de empresas a projetos da área. Isso significa, em média, 7 milhões de reais por ano. Em mais de uma década de atividade, o instituto contribuiu para aumentar a utilização de espaços públicos, como pistas de skate nos CEUs, e a conservação dos colégios. Além disso, houve uma sensível melhoria no desempenho escolar e na comunicação dos alunos em casa. “Tínhamos um garoto de 7 anos que batia nas outras crianças e chegou a puxar o cabelo da professora”, conta o professor Fabiano Chaves, do CEU Casablanca, em Campo Limpo. O pai era traficante e ele vivia num ambiente violento em casa. “Seis meses depois de aderir ao projeto, ele me pediu um abraço e hoje participa de tudo”, diz Chaves. Ana Moser vibra com histórias como essa e tem planos de aumentar o alcance do trabalho. “Quero agora organizar núcleos e discutir políticas de esporte nas cidades da Copa do Mundo”, afirma a ex-jogadora.
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■ Instituto Esporte & Educação
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