“Se antes a vontade de trabalhar era muita, com o fim da crise vai dobrar”
Diário da Quarentena: no sábado (13), Rita Cadillac comemora o aniversário em live com Marquinhos Moura e Lisa Gomes
“No sábado (13), entro num novo ciclo. Faço 66 anos. É muito duro porque não sei o que vai ser de agora para a frente. Nunca imaginei que iria passar por uma coisa dessa, que impede a gente de sair, ver os amigos e trabalhar. É horrível, você fica triste, mas ao mesmo tempo agradece a cada dia que acorda e está viva. Um amigo me disse que quer deixar bolo e docinhos aqui no meu prédio. Outro pensou em cantar Parabéns na rua. Como todo mundo fala em celebrar o aniversário, resolvi fazer uma live. Liguei para o Marquinhos Moura (cantor), que também faz aniversário no mesmo dia, e dei a ideia. Ele topou. Vamos transmitir às 15 horas no canal do YouTube Lisa, Leve e Solta, da Lisa Gomes, e no meu perfil do Instagram (@ritacadillac). Seremos só nós três e uma pessoa para segurar o telefone. Aqui do lado tem um barzinho que está fechado e os donos me ofereceram o espaço, pois os ajudo a promover uma cachaça. É tudo de graça. Tenho usado minhas redes para falar de produtos de amigos e do comércio aqui do meu bairro, Santa Cecília.
No início da quarentena fiquei com medo, mas não estava tão tensa quanto estou agora. Você começa a saber de pessoas que morreram e fica angustiada. Ontem à noite me disseram que a dona de uma floricultura aqui perto faleceu de Covid. Meu marido está ficando com os pais dele, que são velhinhos, e estou em casa, com o Pietro (cãozinho) e meu irmão Guilherme. Não é irmão de sangue, mas de consideração. Ele é meu vizinho, um cuida do outro. Tento ter uma alimentação saudável para fortalecer o sistema imunológico e fazer exercícios. Com esse negócio de trabalha, come, dorme, a gente engorda. Nunca fui muito chegada em cuidados de beleza, mas agora estou mais atenta. Passo hidratante e protetor no rosto, mesmo não saindo, porque tomo sol na varanda. Tirei o aplique também. Na verdade, ele caiu, pelo tanto de tempo que ficou sem manutenção. Minha rotina é de limpeza. De resto, não tenho muita regra. Acordo, tomo café da manhã e limpo a casa. Jogo água com cloro em tudo. O piso de taco, com isso, até estragou.
Assine a Vejinha a partir de 6,90
Dou água para as plantas. Tenho um pezinho de jabuticaba, outro de limão-siciliano, roseira, orquídeas, alecrim, é muita coisa. Chorei com as agressões que sofri por ter recebido o auxílio emergencial. Não fui eu que me aprovei, foi o governo. As pessoas têm de ponderar, não sou considerada uma artista de classe A, minha casa é simples, moro de aluguel. Não tem entrado um real na minha conta. Não sei se a pandemia vai transformar o mundo para o bem, mas espero que sim. Quanto a mim, o que vai mudar é a vontade de trabalhar. Se antes já era muita, com o fim da crise ela vai dobrar. Pode ter certeza.”
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 17 de junho de 2020, edição nº 2691.