Cheia de novas e históricas atrações, Salvador está pronta para receber no verão
Fervilhante, capital baiana tem ótimas opções de hospedagem, passeios e, claro, gastronomia
Salvador é poesia em estado puro. O azulão da Baía de Todos-os-Santos te abraça e acompanha a viagem, suspendendo o tempo, realçando as cores, os momentos e te fazendo embarcar no ritmo da cidade. O melhor é se entregar.
Nossa visita começa na Praça Castro Alves. Ali, onde está o monumento ao poeta que escreveu “A praça! A praça é do povo / Como o céu é do condor”, em O Povo ao Poder, que mais tarde ressurge na canção-homenagem de Caetano Um Frevo Novo, “A Praça Castro Alves é do povo / Como o céu é do avião”. Coração da cidade e do centro antigo, que brilha como palco para o encontro dos trios elétricos. “Mete o cotovelo e vai abrindo o caminho / Pegue no meu cabelo pra não se perder e terminar sozinho”, avisa Caetano na letra.
No histórico prédio art déco de onze andares, tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), antiga sede do jornal A Tarde, está o elegante Hotel Fasano, que comemora seis anos de sua abertura em dezembro com uma programação especial voltada para o verão.
A vista inebriante do rooftop é um convite para curtir o pôr do sol e as noites com as luzes da cidade ao fundo, um espetáculo por si só. Mas o hotel reserva drinques especiais criados com todo axé, como o Jorge Amado, confeccionado com black label infusionado na manteiga de garrafa, suco de limão-siciliano e xarope de baunilha.
Abrem-se os festemos no próximo dia 28 ao som da banda Bailinho de Quinta e da DJ Nat Valverde (R$ 350,00 por pessoa com o menu de bebidas alcoólicas e não alcoólicas incluso), seguido por uma feijoada em 7 de dezembro, e ceias de Natal e réveillon abertas também para não hóspedes.
Na subida da Rua Chile, em direção ao Pelô, está também o luxuoso Fera Palace Hotel, com a cozinha comandada pelo grupo Origem.
O que o casal de chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca (chef pâtisserière) está fazendo com a culinária da Bahia é revolucionário. Valorizando a identidade de sua cozinha e a potencializando ao máximo com técnicas modernas de preparo, o que leva o sabor para outro lugar.
“Queremos mostrar a Bahia além do dendê e de Salvador”, destaca Fabrício, que hoje tem cinco restaurantes na capital, fora a operação do Fera. “Vamos ao interior do estado, estudando cada bioma e buscando raridades com os produtores locais.
O passeio por Salvador segue vibrante e deparar com o ensaio do Olodum nas ladeiras de paralelepípedo continua sendo arrebatador. Programas clássicos na cidade, aliás, são sempre imperdíveis, como visitar a Igreja do Bonfim, colorir os pulsos com as fitinhas “benzidas” e derreter-se com os sabores originais da Sorveteria da Ribeira, como milho verde e coco queimado.
As praias de Salvador podem estar apinhadas de gente, mas esse calor humano dali é que vale a experiência. Na famosa Praia do Porto da Barra, preferida de baianos ilustres, quem quiser ir bem cedinho pode curtir a praia numa boa. O movimento mais quente começa após as 10 horas.
Entre os passeios novos, está uma visita ao Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC) que acaba de completar um ano, no comando do diretor Daniel Rangel, que idealizou um projeto inovador. “Estamos inserindo a Bahia num circuito artístico internacional”, afirma. Em uma visita ao museu, você fica por dentro de todos os movimentos de arte da Bahia, dos artistas veteranos aos novatos.
Reserve uma tarde para visitar o Candeal. O que Carlinhos Brown fez ali deve ser estudado e replicado. O bairro hoje tem violência zero por meio do incentivo à música. Sua escola Pracatum, com programas educacionais, culturais e de desenvolvimento comunitário, vale ouro.
Se der sorte, vai encontrar com ex-alunos e atuais professores e diretores da escola, como Boghan Gaboott, Cara de Cobra e Léo Bit Bit, que formaram a banda Toque e preparam um novo disco para breve.
Outra novidade na área é o restaurante D’Madda, que Carlinhos fez com sua mãe, dona Madalena. Muito aconchegante e com comidas típicas, como a moqueca para saborear rezando. A depender da vontade de receber arretada dessa terra, o movimento só vai crescer.
O secretário de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, afirma que a cidade recebeu 2,4 milhões de visitantes no último verão e que esse número só tem a crescer neste ano. “Nossa diretriz é que turismo é cultura; cultura é identidade e, em Salvador, isso signítida identidade cultural do povo negro”, afirma Tourinho.
* Colaborou Luana Machado.
Publicado em VEJA São Paulo de 15 de novembro de 2024, edição nº 2919.