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Discurso de Raí pela democracia francesa fortaleceu sua relação com o país

O ex-jogador, que acaba de concluir seu mestrado na França, vai carregar a tocha olímpica na próxima terça (23)

Por Oswaldo Carvalho
19 jul 2024, 06h30
Raí-Paris
Ídolo: posando com a tocha olímpica  (Paris 2024/Divulgação)
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Quando o ex-jogador Raí carregar a tocha olímpica na próxima terça (23), em Versalhes, a 20 quilômetros de Paris, trará consigo três décadas de dedicação à amizade entre Brasil e França, com gols dentro e fora do campo.

A conexão do meio-campista com o país europeu está em alta: seu discurso em defesa da democracia francesa, proferido em 3 de julho, às vésperas do segundo turno das eleições, viralizou um mês após ele concluir seu mestrado na capital, onde desenvolveu um projeto social para o Nordeste brasileiro.

Capitão do São Paulo no início dos anos 1990, período glorioso para o time, Raí foi eleito em 2020 o maior jogador da história do Paris Saint-Germain, time que defendeu de 1993 a 1998.

A Fundação Gol de Letra, que ele criou com o parceiro dos gramados Leonardo, conta com uma representação na França — uma plataforma de divulgação e de captação de recursos no exterior para suas ações sociais.

Há 25 anos, a Gol de Letra promove educação em comunidades socialmente vulneráveis da Vila Albertina, em São Paulo, e do Caju, no Rio de Janeiro.

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raí-paris
Em Paris: discurso em defesa da democracia francesa, proferido em 3 de julho, viralizou (Reprodução/Reprodução)

No início de julho, Raí foi convocado a colaborar na mobilização da frente democrática que impediu a ascensão da ultradireita nas eleições legislativas da França.

Subiu no palanque montado pela coalizão de partidos de esquerda e alertou: “No Brasil, vivemos um pesadelo. Quatro anos de misoginia, homofobia, preconceito, milhares de mortes, desmatamento. Se quisermos mudar a nossa realidade, vamos mudar com uma estratégia, uma nova política, mas os nossos valores fundamentais nunca devem mudar”.

O discurso fez lembrar a participação de seu irmão Sócrates em comício pelas Diretas Já em 1984. Seu pai, Raimundo Vieira, neto de escravos criado no subúrbio de Fortaleza, sempre valorizou o conhecimento. “Você tem noção? Está lendo Molière no original!”, comemorou em 1993, ao saber que o filho estava matriculado num curso de civilização francesa na Sorbonne, logo após chegar a Paris.

Seu Raimundo ficaria orgulhoso: em junho deste ano, Raí finalizou seu mestrado executivo em políticas públicas na Sciences Po, uma das instituições de ciências sociais mais prestigiadas do mundo. Ao ingressar, Raí declarou à Émile Magazine, publicação de ex- alunos da universidade, que seu objetivo era desenvolver uma integração radical entre educação, esporte e cultura: “No Brasil, esporte e escola não interagem, e as atividades artísticas muitas vezes são negligenciadas”.

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Seu trabalho de conclusão de curso resultou no projeto Ludicidade, que visa levar cultura e esporte a cidades de até 15 000 habitantes do Nordeste. Mais um golaço do eterno capitão. ■

Publicado em VEJA São Paulo de 19 de julho de 2024, edição nº 2902

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