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Podcasts com bate-papo informal ganham espaço durante isolamento

De assuntos variados, as produções de áudio discutem temas de cinema a política

Por Barbara Demerov
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h11 - Publicado em 28 Maio 2021, 06h00
A imagem mostra uma ilustração com três pessoas setadas em torno de uma tela enorme. No centro dela, há uma mulher com fones de ouvido e um microfone de rádio
Como numa mesa de bar: podcasts com bate-papo informal viram companhia no isolamento (Malte Mueller/Getty Images)
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Enquanto a vacina chegou para muito pouca gente, estar numa mesa de bar cheia de amigos é uma ideia que parece um luxo. Jogar conversa fora sem preocupação com horário ou com a consistência dos temas é daqueles prazeres que sabemos que vão demorar um pouco para voltar. E é nesse contexto que se multiplica no universo digital uma série de podcasts que não se pretende ir além disso: jogar conversa fora, alternar risadas com reflexões, sem muito compromisso.

Há muitas opções para todos os perfis. De notícias diárias a papos descontraídos sobre cultura pop, os podcasts têm feito cada vez mais companhia às pessoas no isolamento social. O formato áudio facilita isso e o vídeo agora é um complemento para os que têm interesse em se aproximar ainda mais dos locutores.

Michel Arouca e Aline Diniz, criadores do Falando de Nada, contam que a origem do programa (centrado em séries, cinema e mercado do entretenimento) se deve a outro formato de sucesso no período de isolamento social: as lives do Instagram. “Começamos o Falando de Nada assim. Foi tão repentino que os primeiros episódios nem foram salvos, pois a plataforma ainda não tinha essa funcionalidade. Eu já estava a fim de fazer algo com o Michel fazia um tempo e a ideia de falarmos de bastidores da indústria veio naturalmente — nós dois adoramos comentar peculiaridades específicas desses assuntos mais cabeçudos”, explica Aline.

“Desde os dias em que estávamos fazendo as lives, nós dois sentíamos o potencial que essas conversas tinham de se tornar um podcast. Trouxemos o conceito para a Genco Filmes, minha produtora em sociedade com Bruno Clemente (que participa dos programas por trás das câmeras), para termos um trabalho de alta qualidade, já em áudio e vídeo”, completa Michel.

Os apresentadores contam que o planejamento demanda comprometimento e conhecimento sobre o assunto escolhido, para que a conversa fique interessante. Michel destaca que a distribuição do conteúdo também está mais eficiente. “Imagine ter suas conversas disponíveis em aplicativos como Spotify, Deezer, Google e Apple de forma rápida e econômica. Nunca foi tão atraente ser um podcaster.”

A imagem mostra Michel Arouca e Aline Diniz em um fundo azul escrito
Falando de Nada: com Michel Arouca e Aline Diniz (Divulgação/Divulgação)
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Além dessas plataformas, o Clubhouse, o Twitter e o Telegram demonstram potencial para a criação de produtos independentes, seguindo o formato ao vivo. O apresentador Dinho Lima levou toda a situação atual em conta ao criar seu novo projeto, o EntrevistaDinho. No entanto, ele segue outro caminho em seu grupo de seguidores no Telegram: o de entrevistas.

“Eu já tinha o intuito de fazer um podcast seguindo essa linha, trazendo convidados no formato presencial para conversas informais. Por causa da pandemia, isso foi engavetado, mas aí veio a questão do isolamento, que trouxe um sentimento diferente de bater papo. Replicar a famosa conversa de bar foi uma das motivações, mas, como eu também sou apaixonado por histórias, o EntrevistaDinho é sobre dar espaço para experiências pessoais e situações engraçadas”, explica.

Dinho afirma que o crescimento visto em 2020 poderá fortalecer ainda mais esse tipo de conteúdo após a pandemia. “A mídia já está aí há um bom tempo e sempre serviu como um papo entre amigos, mesclando informações com entretenimento. As entrevistas se popularizaram no ano passado e isso certamente tem a ver com a situação mundial. O podcast te acompanha diariamente e seu crescimento se dá pela forma como todos encaram a vida agora. Nós repensamos até o que é a socialização devido à tecnologia.” Aline Diniz complementa: “Tornou-se um hábito novo de consumo, então acredito que ainda terá uma vida longa pela frente”.

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A imagem mostra Dinho Lima, em frente à uma mesa de madeira, com um microfone sobre ela
Dinho Lima: caminho diferente no Telegram (Divulgação/Divulgação)

E, ao mesmo tempo que evoluiu graças à internet, o formato tem o poder de expandir a visão de mundo do consumidor. O programa Na Banguela, criado em 2020 e apresentado por Renato Bertoni e Daniel Lodovico, segue essa mentalidade. Com Daniel em São Paulo e Renato em Londres, a dupla grava virtualmente e varia temas de discussão.

“Gostamos de falar sobre música, arte, política e costumes. Quando começamos a receber os convidados no podcast, vimos que tínhamos algo poderoso em mãos. Abrimos debates que acreditamos ser importantes, buscando pessoas que normalmente não teriam espaço”, diz Daniel. Renato afirma que o foco é o caminho ideal para quem está começando e ainda dá dicas: “Quando o objetivo está claro, você cria o formato e o diferencial. Mesclamos planejamento com imediatismo, mas é no dia a dia que se encontra a autenticidade”.

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A imagem mostra uma ilustração com vários desenhos, os dois rostos dos apresentadores, colagens e um carro coberto por uma tarja azul de explosão escrita em seu centro
Na Banguela: criado e apresentado por Renato Bertoni e Daniel Lodovico (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em VEJA São Paulo de 02 de junho de 2021, edição nº 2740

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