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“Somos uma banda melhor”, diz Dave Lovering, baterista do Pixies

Cult nos anos 80 e 90, grupo americano liderado por Black Francis apresenta músicas novas em nova formação, sem a baixista Kim Deal

Por Juliene Moretti
Atualizado em 5 dez 2016, 14h58 - Publicado em 2 abr 2014, 15h39
paz lenchantin - Pixies
paz lenchantin - Pixies (Reprodução / Facebook/)
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A paz reina no mundo do Pixies. Uma das bandas americanas mais cultuadas entre o fim dos anos 80 e início dos 90 quer voltar para ficar – mesmo que com outra formação. No fim do ano passado, depois da saída de Kim Deal (a baixista da formação original) e da substituta Kim Schattuck, o trio formado Black Francis, Joey Santiago e Dave Lovering ganhou a companhia da argentina Paz Lenchantin. No currículo da argentina tem a banda Zwan, de Billy Corgan, líder dos Smashing Pumpkins.

Os quatro se apresentam no domingo (6), o segundo dia de Lollapalooza, poucas semanas antes de lançar o primeiro álbum da banda em 23 anos, Indie Cindy, que traz uma sonoridade menos radical e mais melodiosa em comparação ao repertório de álbuns como Doolittle (1989) e Surfer Rosa (1988). A VEJA SÃO PAULO.COM conversou como o baterista, Lovering.

VEJA SÃO PAULO.COM: Desde a última vez em que o Pixies tocou no Brasil (no SWU, em 2010), muitas coisas mudaram. O que podemos esperar de diferente? O que eu consigo pensar é que estamos tocando muito melhor. Agora somos bons músicos. Estamos lançando boas músicas e temos uma nova baixista. Paz Lenchantin é argentina, é fantástica e o público parece gostar dela. Acho que somos uma nova versão. Somos o Pixies 2.0 e estamos bem melhor do antes.

VEJA SÃO PAULO.COM: Podemos dizer que existe, então, o “velho Pixies” e o “novo Pixies”? Nós ainda somos uma banda com três dos elementos do “velho Pixies” e nossos sets têm várias músicas antigas, que misturamos com o novo material. A Paz é quem traz sangue novo para a coisa. O som é um pouco diferente. Mas ela é uma baixista muito profissional e, por causa disso, me faz tocar melhor. Nós estamos tocando melhor.

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VEJA SÃO PAULO.COM: Isso significa que o Pixies é melhor agora do que quando terminou, nos anos 90? Eu não vou falar nada sobre a Kim Deal [a baixista origina]. Nós éramos uma boa banda naquela época também. Mas o ritmo está diferente. E Paz tem uma responsabilidade nisso. A voz dela dá o lado feminino que precisamos e as músicas antigas continuam iguais. Ainda tem muito do Pixies aqui. Estamos diferentes, porém, se você parar para pensar, nossos álbuns são bem diferentes uns dos outros. Estamos neste momento, neste lugar, e não sei o que faremos a seguir. Estamos felizes agora.

VEJA SÃO PAULO.COM: O Pixies é uma grande referência para as bandas de indie rock e, agora, temos esse movimento de novas bandas alternativas. Como você encara o Pixies neste movimento? Acredito que sempre houve o indie rock. Ou melhor dizendo, o rock universitário. Sempre tivemos essas bandas de faculdade e isso já acontecia antes da gente, afinal, é na universidade que os grupos de rock começam. É engraçado: as pessoas falam que a gente que influenciou. Isso é difícil para eu compreender. Eu sou apenas o David, baterista. É bom ouvir isso, mas não ando por ai anunciando, com uma estátua minha debaixo do braço. Acho que é assim com o resto da banda também. Somos um grupo de trabalha e fazemos o que gostamos. Somos pessoas normais que trabalham.

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VEJA SÃO PAULO.COM: São normais, porém têm David Bowie como fã, que já regravou músicas de vocês… É bom, é bom. Mas não é grande coisa. É bom ser reconhecido, mas não fico esfregando na cara dos meus amigos que Bowie é fã da banda. É bem legal vê-lo nos shows. Um ano atrás, jogamos numa entrevista que se ele quisesse uma banda de apoio, a gente se candidataria. Eu não sei se ele soube, mas a mensagem está no ar…

VEJA SÃO PAULO.COM: Como você enxerga o Pixies agora, depois de quase trinta anos de estrada? Estamos na melhor forma, sem dúvidas. Voltamos realmente em 2004  [depois de quase onze anos separados] e tivemos dez anos para praticar. Então, é melhor que a gente esteja bem mesmo. Estamos tocando em lugares diferentes, tendo mais oportunidades e o público gosta. Isso é legal.

VEJA SÃO PAULO.COM: Você é mágico. Como isso aconteceu? Quando o Pixies terminou nos anos 90, eu fiquei com muito tempo livre. Aproveitei para aprender. Foram doze anos lendo, estudando, entrei em clubes, assisti vídeos. Então, me tornei um mágico profissional. Fiz apresentações solo e tudo mais E é isso que eu faço. Eu cheguei a abrir shows do Pixies e do Breeders com apresentações de mágica. Nunca recebi por esses. Se estamos no backstage ou num bar, é isso que eu estarei fazendo. É divertido porque poucos músicos são mágicos. No meu cartão de visitas, além de baterista, eu já posso acrescentar essa profissão.

VEJA SÃO PAULO.COM: Qual é seu truque favorito? Eu faço de tudo. O mais engraçado é meio estranho e um pouco asqueroso. Eu faço a pessoa escolher a carta e ela desaparece do baralho. E eu tiro a carta, acredite ou não, da minha bunda. É bem engraçado e às vezes as pessoas correm.

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