Pinacoteca reúne trinta singelas obras de Sérgio Sister
O artista paulistano apresenta desenhos e relevos, realizados desde o início da carreira até o ano passado
Ainda na juventude, o paulistano Sérgio Sister chegou a protestar contra o regime militar e acabou preso por dezenove meses. Curiosamente, sua produção pictórica, amadurecida bem depois desse episódio, não carrega nenhum tipo de mensagem de engajamento político. Pelo contrário, caracteriza-se pela singeleza e pela sutileza abstrata, como comprova uma boa individual em cartaz na Pinacoteca, com curadoria do crítico e filósofo AlbertoTassinari.
Sister, integrante da geração que ajudou o pincel a voltar à voga no país na década de 80, ao lado de Beatriz Milhazes e do grupo Casa 7, tem reunidas na mostra trinta obras, entre telas, desenhos e relevos, realizadas desde o início da carreira até o ano passado. Os trabalhos mais antigos revelam uma poética pouco associada hoje em dia a ele: pinturas monocromáticas, formadas por camadas espessas de tinta.
A marca registrada do artista — faixas de cor verticais, sem dúvida influenciadas por Brice Marden e Sean Scully — apareceu pouco depois. Para não correr o risco de cair na repetição, a saída foi expandir os procedimentos sem perder o estilo. Surgiram daí as caixas com pedaços de madeira pintadas. A disposição cromática varia e obriga o espectador a se movimentar bastante diante das obras para encontrar detalhes escondidos. Já na série Ripas, as tiras coloridas são colocadas na parede branca, e demarcam o fundo à maneira de um quadro.