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Quem é Laís Bodanzky, a diretora do premiado ‘Como Nossos Pais’

Filme foi visto por 200 000 pessoas no Brasil e vendido a quinze países, como Polônia e China

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 29 set 2017, 06h00 - Publicado em 29 set 2017, 06h00
A profissional, em seu escritório, na Zona Oeste: “Só me interessam histórias de que me orgulhe” (Leo Martins/Veja SP)
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A cineasta Laís Bodanzky é movida pelo talento de observar sinais ao seu redor. “Fico à flor da pele quando encontro um bom tema e entro em estado de alerta em todos os lugares”, conta. O próximo passo é mergulhar em uma pesquisa exaustiva amparada em livros, entrevistas e passeios pelas redes sociais.

Como Nossos Pais, seu quarto longa, começou a ser desenvolvido há quatro anos para mostrar uma mulher, perto dos 40, em conflito com o modelo familiar tradicional. Com o avanço do processo, essa paulistana de 48 anos descobriu em sua rotina novas questões pertinentes aos personagens.

Para o resultado não mofar antes da chegada às telas, tratou de redesenhar a história. “Percebi que minhas amigas estavam cada vez mais interessadas na igualdade entre homens e mulheres e, pela primeira vez, me vi como o meu público-alvo.”

O filme estreou em 31 de agosto embalado por inflamados debates feministas. O discurso, porém, ultrapassa os clichês do empoderamento, e a obra apresenta um intenso conflito de gerações. Na trama, Rosa (papel de Maria Ribeiro) tenta dar conta da carreira, da casa e das filhas sem o apoio do marido (o ator Paulo Vilhena). O estopim da crise vem quando a mãe (a atriz Clarisse Abujamra) lhe revela um segredo.

Como nossos pais
Maria Ribeiro e Clarisse Abujamra em ‘Como Nossos Pais’: conflitos entre mãe e filha (Divulgação/Veja SP)

Como Nossos Pais venceu o Festival de Gramado, levando, entre outros, os troféus de melhor filme e direção, e faturou três estatuetas no Festival de Vitória. Também recebeu o prêmio do público em Paris. A fita já conquistou 200 000 pagantes no Brasil e foi vendida a quinze países, como Polônia, Suíça e China. Era um dos filmes favoritos na briga por uma indicação ao Oscar de produção estrangeira, mas perdeu a vaga, apesar da repercussão no exterior, para Bingo, o Rei das Manhãs.

Laís comprovou o faro ao apostar no galã Rodrigo Santoro para protagonista de seu primeiro longa, Bicho de Sete Cabeças (2001). Original também foi a temática de As Melhores Coisas do Mundo (2010). O bullying entre adolescentes através da internet foi mostrado nos cinemas em uma fase inicial das redes sociais.

A diretora realizou ainda Chega de Saudade (2008), sobre personagens da terceira idade que frequentam um salão de baile. “Eu aprendo em cada trabalho e, agora, vibrei demais com as mudanças da Rosa”, diz a cineasta. “Vivi a crise junto com ela e questionei os formatos de família que herdamos de nossos pais.”

Assim como a personagem, Laís tem duas garotas, Carolina, de 15 anos, e Mariá, de 13. Elas deram palpites no roteiro e ficaram desapontadas ao ver que as crianças tinham menos cenas do que imaginavam. Meninas conectadas, abraçaram a causa feminista em grupos de discussão na escola e põem a mãe contra a parede ao discordar de seus pontos de vista.

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“Elas me corrigem se uso um termo que não julgam adequado”, conta. “Sou proibida de falar, por exemplo, que o fulano ajuda a beltrana a cuidar dos filhos.” O casamento de duas décadas com o roteirista Luiz Bolognesi acabou há um ano e meio, dentro de uma harmonia possível. Os dois são sócios na produtora Buriti, e ele escreveu todas as histórias filmadas pela ex-mulher. Como Nossos Pais foi a primeira a quatro mãos.

Filha do cineasta Jorge Bodanzky, realizador de Iracema, uma Transa Amazônica (1975) e Os Mucker (1979), Laís cresceu na movimentação dos estúdios. Criada entre os bairros de Higienópolis e Perdizes, estudou teatro com o encenador Antunes Filho e acabou se formando em cinema pela Faap.

“O Antunes me ensinou que devemos ter um profundo respeito pelo tema escolhido”, diz. O próximo projeto promete mostrar conexões históricas sob um enfoque intimista. Trata-se de uma cinebiografia de dom Pedro I estrelada por Cauã Reymond. “Sei que vou fazer poucos filmes na vida, porque tudo é muito demorado, então só me interessam enredos de que me orgulhe e que despertem minha paixão”, afirma.

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As lições de cada obra

Bicho de Sete Cabeças (2001)

Rodrigo Santoro no filme “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodansky.
(Divulgação/Veja SP)

“Eu aprendi que preciso conquistar de cara o público-alvo do meu filme e, se ele gostar, sou capaz de atingir uma plateia maior e diversificada”

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Chega de Saudade (2008)

Tônia Carrero e Leonardo Vilar no filme “Chega de Saudade”, de Laís Bodansky.
(Divulgação/Veja SP)

“Estou mais preparada para a terceira idade. Entendi como é possível ser velho e descobrir formas de prazer e felicidade”

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As Melhores Coisas do Mundo (2010)

as melhores coisas do mundo
(Divulgação/Veja SP)

“Eu nunca tinha ouvido a expressão bullying antes da pesquisa do filme e, hoje, compreendo muito melhor o universo das minhas duas filhas”

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