“Passamos a lua de mel pelados na França”
Juntos há seis anos, Arthur e Luana celebraram o casamento em cidade naturista e divulgam nas redes sociais a rotina como praticantes de swing
“Tudo aconteceu muito rápido. Nós nos conhecemos em 2016, no interior da Paraíba, quando visitei a loja de capinhas para celular onde a Luana trabalhava. Logo recebi uma mensagem dela e começamos a conversar. Depois de um mês, fiz outra viagem só para vê-la de novo, e nos envolvemos até perceber que não dava mais para conciliar as rotinas morando tão longe um do outro. Conversei com ela e com a mãe dela e sugeri trazê-la comigo para São Paulo. Ela aceitou a aventura e hoje somos paraibanos radicados em Sampa.
Em 2018, fiz uma festa-surpresa com a família para pedi-la em casamento. A lua de mel foi mais recente: descobrimos na internet uma cidade francesa chamada Cap d’Agde, referência no mundo liberal e uma curiosidade que já tínhamos pelo estilo de vida dos moradores. Por lá, todos podem circular pelados nas cafeterias, restaurantes, lojas e praias. Uma vida normal… De forma nua. Foi como visitar uma realidade paralela. As pessoas não andam com celular e só usam pochetes ou bolsas nas costas. É quase uma fortaleza e tem uma taxa de 15 euros para entrar. Todos se respeitam, sem julgamentos.
Nós já tínhamos viajado bastante juntos, inclusive para outras praias de nudismo, e desde o início do nosso relacionamento optamos por vivenciar o amor livre. Não queríamos ter ciúme um do outro ou nos sentir presos. Um dia eu disse ‘vamos começar a divulgar nosso estilo de vida’. Nas redes sociais, chegamos a ter 1 milhão de seguidores, mas uma das nossas páginas foi derrubada e agora alcançamos 400 000 pessoas. Na plataforma do OnlyFans, temos 5 000. Em encontros presenciais, também ensinamos o conceito do swing e atualmente fazemos uma turnê pelo Brasil para demonstrar essa prática. Queremos juntar mais pessoas para poder debater tabus e aumentar a aceitação da sociedade.
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Houve preconceito por parte de nossa família durante o primeiro ano e ficamos sem nos falar por um tempo… Pessoas comuns não reconhecem a ideia de dividir a esposa, e vice-versa, não cabe na mente delas. Acham que o amor só existe entre duas pessoas e, se você sente desejo por outras, não ama a sua parceira. Ouço muito ‘ah, só estão com safadeza, só querem fama’, mas são coisas separadas. A gente tem um amor muito grande um pelo outro, é louco um pelo outro, e existe o momento do prazer e o da vida pessoal.
Agora planejamos fazer um documentário sobre as cidades mais liberais do mundo, na pegada daquele filme De Olhos Bem Fechados, com o Brad Pitt. O pontapé inicial para essa ideia foi um ensaio nu que fizemos na Paulista, de manhãzinha na avenida. A gente achava que seria recriminado, mas as pessoas ficaram eufóricas, gostaram, na verdade. Na cidade francesa, até fizemos algumas gravações, mas não vamos usar porque é proibido, só fizemos por teimosia. Na hora parou uma viatura cheia de seguranças, que explicaram que não pode, e você é expulso se realizar várias infrações. Para o ato sexual em local público, a multa é de 15 000 euros. Um dia ainda queremos fazer o reality show do swing, com todo mundo dentro de uma casa como se fosse o Big Brother Brasil. Para a eliminação, ainda não sei como funcionaria. Talvez a regra possa ser ‘fez ruim, manda embora!’.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 28 de julho de 2021, edição nº 2748